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Judiciário Quinta-feira, 07 de Agosto de 2025, 11:55 - A | A

Quinta-feira, 07 de Agosto de 2025, 11h:55 - A | A

TRIBUNAL DO JÚRI

Assassino detalhou crime "como se estivesse contando de uma pescaria”, disse delegado

Réu confessou que cometeu assassinato de mãe e filhas sob efeito de drogas

Bruna Cardoso

Repórter | Estadão Mato Grosso

O julgamento de Gilberto Rodrigues dos Anjos iniciou na manhã desta quinta-feira, 7 de agosto. O delegado da Polícia Civil, Bruno França, testemunhou sobre o caso e contou que o réu assumiu a culpa e disse que cometeu o crime após usar drogas. Gilberto é acusado dos crimes de estupro, estupro de vulnerável e feminicídio, cometidos contra uma mulher e suas três filhas, em Sorriso (400 km de Cuiabá), contra Cleci Calvi Cardoso, 46; Miliane, 19; Manuela, 12; e Melissa, 10 anos. O delegado também disse que Gilberto contou o caso como se “estivesse contando de uma pescaria”.

“O delegado conta que perguntou a Gilberto por que ele cometeu aqueles crimes. A resposta do réu foi de que “estava drogado”. A autoridade policial então pediu uma algema para prendê-lo, mas que foi aconselhado a não retirá-lo dali algemado, pois seria linchado pela população. ”, diz resumo do TJMT.

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Com o réu, o delegado também encontrou uma calcinha que pertencia uma das vítimas, que foi levada como “lembrança”. Gilberto havia analisado a rotina das vítimas e entrado na casa após todas estarem dormindo. O delegado atuou na fase do inquérito do caso e contou que ao chegar na casa das vítimas ficou em choque com a cena que presenciou. Além disso, que após a chegada da perícia, eles chegaram à conclusão de que se tratava de um crime sexual e de feminicídio.

Em depoimento ainda disse que havia diversas provas contra o réu, sendo as principais a marca de pegada de sangue que era semelhante com o chinele dele e informações de terceiros de que o pedreiro Gilberto não ficou curioso com o crime, como as outras pessoas que trabalhavam na obra. Após interrogá-lo e perceber inconsistências nas respostas, o delegado Bruno pediu o chinelo do suspeito e entregou ao perito, que confirmou ter as mesas marcar da cena do crime.

“O delegado então se dirigiu até Gilberto para prendê-lo. Nesse momento, os investigadores lhe informaram sobre o histórico de crimes de Gilberto. ‘A gente já tinha certeza de que ele era o autor e agora a gente sabia que era um criminoso em série’, disse.

Ao final do depoimento, Bruno percebeu que Gilberto estava falando detalhes sobre o crime com muita serenidade como se estivesse contando uma pescaria” e que o réu só demonstrou algum resquício de tristeza por ter sido preso.

DILIGÊNCIAS

Preocupado por não ter notícias da família, o pai e marido das vítimas entrou em contato com a PM em Sorriso e informou que estava em viagem a trabalho e não conseguia falar com a mulher e as filhas. Ele relatou ainda que ao telefonar para a escola das filhas, foi informado da ausência delas, o que o deixou aflito e solicitou a assistência policial.

Uma equipe da PM foi à casa da família e viu o veículo na garagem e a agitação dos cachorros no quintal. Após chamar pelas moradoras, os policiais entraram no quintal e viram pela porta de vidro duas pessoas caídas no chão, aparentemente sem vida. O Corpo de Bombeiros deu apoio e fez inspeção na casa, identificando uma janela aberta, por onde um militar entrou e depois abriu a porta da casa.

A Divisão de Homicídios da Delegacia de Sorriso assumiu a investigação e, após a coleta inicial de informações, acompanhou o exame pericial conduzido pela Politec. Foi apurado que o autor do crime entrou na residência pela janela do banheiro, iniciando em sequência o ataque às vítimas. Os peritos identificaram ainda impressões de sola de chinelo nas manchas de sangue no piso da residência.

A equipe da Polícia Civil seguiu com as diligências e, em duas obras em construção, onde vários homens trabalham, foram realizados levantamentos de informações. Entre os cinco trabalhadores do local, um deles dormia na obra, identificado como Gilberto Rodrigues dos Anjos. Ao ser entrevistado pelos policiais, ele ficou nervoso e alegou não ter ouvido qualquer barulho na casa das vítimas durante o final de semana. Questionado sobre onde descansava, ele apontou o local, no piso superior da obra, que dava visão para a casa das vítimas. Como documento, Gilberto apresentou apenas a cópia da identidade.

Ao vistoriar os pertences do suspeito, ele disse não ter calçados, mas os policiais civis encontraram um chinelo compatível com as marcas deixadas no piso da residência da família e foi confirmado se tratar do mesmo calçado.

Durante checagem dos dados pessoais, os policiais apuraram que Gilberto já tinha dois mandados de prisão em aberto, um pela Comarca de Lucas do Rio Verde, por crime sexual, e outro pela Comarca de Mineiros, em Goiás, pelo crime de latrocínio.

Confrontado com as informações, ele confessou que atacou as quatro vítimas na noite de 24 de novembro. Depois de esfaquear três vítimas e, quando elas ainda agonizavam, ele cometeu abuso sexual contra a mãe e duas filhas. Já a menor de 10 anos morreu asfixiada.

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