O mês de dezembro é marcado pela conscientização e combate ao HIV/AIDS, uma doença que, desde o início da epidemia, tem afetado milhões de vidas em todo o mundo. No Brasil, o “Dezembro Vermelho” surge como uma oportunidade crucial para refletirmos sobre o impacto do HIV na sociedade, além de reforçarmos a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e, principalmente, da luta contra o estigma e a discriminação que ainda cercam as pessoas soropositivas.
O Brasil tem se destacado no combate ao HIV/AIDS, principalmente devido ao Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece gratuitamente tratamentos de alta qualidade para todas as pessoas diagnosticadas com o HIV. Isso representa um grande avanço, considerando que em muitos outros países o acesso ao tratamento ainda é um desafio. O país foi um dos pioneiros ao garantir o fornecimento de medicamentos antirretrovirais, que têm permitido às pessoas viverem com qualidade de vida e, em muitos casos, sem risco de transmissão do vírus.
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Segundo dados do governo federal , o Brasil registrou uma redução de 25,5% no coeficiente de mortalidade por AIDS nos últimos dez anos. Em 2022, o número de óbitos relacionados ao HIV/AIDS foi de 10.994, o que representa uma queda de 8,5% em relação a 2012, quando o total de óbitos foi de 12.019. Esse avanço é um reflexo do acesso amplo ao tratamento e das campanhas de conscientização promovidas pelo Ministério da Saúde.
Hoje, estamos vivendo uma realidade em que o HIV é uma condição crônica e tratável. Uma pessoa soropositiva, desde que esteja em tratamento adequado e tenha carga viral indetectável, não transmite o vírus. Isso é um fato científico que ainda precisa ser amplamente divulgado e compreendido pela população. A ausência de transmissão viral não significa ausência de desafios para os indivíduos vivendo com HIV, mas reforça que a transmissão do vírus não é uma preocupação quando o tratamento é seguido corretamente.
No entanto, ainda persiste uma grande barreira: o preconceito. Muitas pessoas soropositivas continuam a enfrentar estigmas e discriminação, seja no ambiente de trabalho, nos relacionamentos familiares ou mesmo na rua. Essa situação pode agravar ainda mais o sofrimento daqueles que já lidam com os desafios impostos pela doença, como os efeitos colaterais dos medicamentos e as dificuldades no convívio social.
Neste Dezembro Vermelho, é fundamental que todos nós – enquanto sociedade – nos unamos para derrubar essas barreiras. Precisamos entender que, em pleno 2024, a principal resposta que podemos oferecer às pessoas vivendo com HIV não é o ódio, nem o julgamento, mas sim o amor, o respeito, a empatia e o apoio.
Para que a luta contra o HIV/AIDS seja mais eficaz, devemos agir de forma consciente e empática. A prevenção combinada deve ser mantida, com a promoção do uso de preservativos e do PREP e acesso ao diagnóstico precoce. No entanto, é também essencial que abordemos as questões sociais relacionadas à doença, como a discriminação.
Cada um de nós pode contribuir para essa transformação ao tratar as pessoas soropositivas com dignidade, ao oferecer o apoio necessário e ao educar aqueles ao nosso redor sobre a importância da aceitação e do cuidado. Ao reconhecer que uma pessoa soropositiva pode viver bem e com saúde, é possível reduzir o estigma e mudar a percepção social.
O combate ao HIV/AIDS não é apenas uma questão de saúde pública; é também uma questão de direitos humanos. O respeito à dignidade das pessoas soropositivas, a garantia do acesso ao tratamento e a promoção de um ambiente livre de preconceitos são pilares essenciais para uma sociedade mais justa e saudável.
Em dezembro, mês em que lembramos a importância do combate ao HIV/AIDS, é fundamental que cada um de nós se engaje ativamente na promoção da inclusão e no combate à discriminação. A batalha contra o HIV é vencida todos os dias com prevenção, tratamento e respeito àqueles que vivem com o vírus. Que possamos, a cada dia, transformar o preconceito em acolhimento, e a indiferença em empatia. Afinal, o amor e o respeito são os maiores antídotos contra a ignorância e o estigma que ainda assolam tantas pessoas em nossa sociedade.
*NELLY WINTER é uma cuiabana, artista multifacetada, escritora, publicitária, poetisa, palestrante, mestre de cerimônias e cerimonialista. Ativista e questionadora de tabus, ela se dedica à luta contra os estigmas sociais, buscando desmistificar os rótulos impostos por uma sociedade machista. Apaixonada por pessoas, Nelly tem um fascínio por divas do pop, livros e pela arte drag, se destacando também como apresentadora do podcast DragPod. Criada por Thon Silva há 23 anos, o projeto que começou como um hobby evoluiu para um espaço de debate e reflexão sobre temas importantes, incluindo a visibilidade e respeito às comunidades LGBTQIA+. Além disso, Nelly é voluntária em ONGs e acredita no poder da transformação social através da arte e da cultura.