Testemunha no julgamento sobre a morte de Mirella Poliane Chue de Oliveira, vítima de envenenamento aos 11 anos, o advogado Cássio de Almeida Ferreira revelou que a madrasta da menina tentou impedir a realização de perícia e o consultou sobre a possibilidade de comprar um imóvel com a herança de R$ 800 mil, que seria repassada à garota. A afirmação foi feita durante audiência realizada na tarde desta quinta-feira, 9 de dezembro.
Jaira Gonçalves de Arruda Oliveira, a madrasta, é apontada pelo Ministério Público Estadual (MPMT) como principal suspeita pela morte de Mirella, ocorrida em junho de 2019.
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Cássio trabalhava para o pai de Mirella no processo de inventário dos avós da garota. Ele também representou a família no processo movido contra o hospital, pela morte da mãe de Mirella durante o parto.
Ao júri, o advogado afirmou que percebeu um desconforto da madrasta para liberar a perícia no corpo de Mirella no Instituto Médico Legal (IML). Segundo ele, Jaíra teria lhe telefonado no dia do falecimento da menina, pedindo que ele impedisse a perícia. Na ocasião, ele disse que isso não seria possível e que era o melhor caminho para esclarecer a morte da menina.
O advogado afirmou ainda que Jaíra o questionou sobre como ficaria a linha sucessória caso a menina morresse. Mais tarde, a madrasta teria solicitado que o dinheiro da menina fosse usado para a compra de um imóvel, mas Cássio afirmou que não poderia mexer na herança.
‘CUIDADO EXCESSIVO’
Durante os depoimentos, a maioria das testemunhas apontou que Jaíra tinha um ‘cuidado excessivo’ com Mirella. A diarista que atuava na casa afirmou que Jaíra não permitia que outras pessoas tocassem na menina quando ela estava doente e queria tomar conta sozinha.
Já a enfermeira que cuidou de Mirella durante a maior parte das internações no Hospital Santa Rosa disse ter percebido um “interesse fora do comum” por parte da madrasta. Segundo ela, Jaíra era invasiva e não dava liberdade para o trabalho dos profissionais de saúde.
Avó materna de Mirella, a merendeira Claudina Chue disse que percebeu mudanças no comportamento da menina desde que ela começou a morar com a madrasta, mas a garota não lhe contava nada. Informou ainda que não sabia das recorrentes internações da garota e só era recebia informações quando ligava para ter notícias de Mirella. Ela também citou agressões contra a garota, mas relatou apenas a mudança no corte de cabelo, de comprido para curto.
O CASO
Mirella morreu em junho de 2019, a princípio de forma misteriosa. Investigação do caso revelou que ela teria sido envenenada com carbofurano, um pesticida extremamente tóxico. O veneno teria sido ministrado em doses diárias durante cerca de três meses, período em que a garota foi internada várias vezes com sintomas neurológicos, náuseas e outros.
A Polícia suspeita que Jaíra tenha envenenado a criança para se apropriar da herança de R$ 800 mil, referente à indenização pela morte da mãe de Mirella durante o parto.