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Economia Segunda-feira, 26 de Dezembro de 2022, 07:30 - A | A

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PERSPECTIVAS PARA O AGRO

2023 deve ser vantajoso para alguns setores, mas traz incertezas para carne e algodão

Demanda aquecida para milho e soja e incertezas para carne bovina e algodão

Felipe Leonel

Repórter | Estadão Mato Grosso

O ano de 2023 deve ser pautado pela valorização das commodities agrícolas mato-grossenses, com exceção da carne bovina e algodão. É o que apontam os boletins anuais do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgados nessa semana.

As análises do Imea apontam que a demanda pelo milho mato-grossense deve aumentar, pois é esperada uma redução da oferta no mundo, com falta de chuvas nos Estados Unidos, dificuldade para semear na Argentina e as incertezas quanto à guerra na Ucrânia. Além disso, indica o boletim, a entrada da China no mercado brasileiro pode aumentar as cotações do cereal.

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O produtor também deve contar com bom volume de chuvas durante o plantio do milho, o que deve beneficiar a produtividade. A estimativa é de produzir 46,41 milhões de toneladas na temporada 22/23, com o uso de 7,41 milhões de hectares para o plantio. A produção deve aumentar quase 6% em relação à safra passada, que foi de 43,80 milhões de toneladas.

A demanda pela soja também deve seguir aquecida no próximo ano, afirma o Imea, que estimou uma área plantada 2,95% maior na safra 22/23 em comparação com a temporada anterior, alcançando 11,73 milhões de hectares. A produtividade também deve ter alta de 1,80%, prevista em 58,51 sacas por hectare, com uma estimativa de produzir 41,46 milhões de toneladas.

A preocupação dos sojicultores é quanto à possibilidade de excesso de chuvas durante a colheita, que deve iniciar ainda em dezembro, o que pode provocar danos aos grãos da oleaginosa. Por outro lado, Mato Grosso deve bater recorde de consumo de soja. A estimativa do Imea é que 27% da produção da soja seja consumida em Mato Grosso, equivalente a 11,30 milhões de toneladas.

Se para a soja e milho a situação é positiva, outras culturas como da carne bovina e do algodão enfrentarão incertezas no ano que se aproxima. Os produtores de algodão no estado já têm visto suas negociações sendo reduzidas, uma espécie de prenúncio da recessão nas principais economias do globo e de restrições comerciais na China devido ao aumento de casos de covid.

Além disso, o algodão é a cultura mais suscetível às intempéries climáticas, o que aumenta as incertezas quanto ao próximo ciclo.

“No entanto, estima-se uma produção de 4,91 milhões de toneladas de algodão em caroço, 12,19% superior à do ciclo 21/22, pautada pela expectativa de um melhor rendimento para a temporada. Por fim, há fatores ainda em aberto, como o clima, que serão determinantes para que essa projeção se concretize”, alerta.

Já na cadeia produtiva de carne, o setor espera que ocorra aumento do consumo interno da proteína, na tentativa de impulsionar o preço da arroba, que está no mesmo patamar de dezembro de 2020. O preço pago pela arroba do boi gordo tem sido insuficiente para cobrir os custos e os pecuaristas dizem levar prejuízo de R$ 13 por arroba.

Entretanto, o Imea aponta que a perspectiva é que o preço arroba apresente novas quedas, já que os produtores estão descartando matrizes, aumentando a oferta em um primeiro momento, mas com o objetivo de reduzir a oferta da carne futuramente e pressionar as cotações para cima. O volume de abate deve aumentar em 2023, principalmente de fêmeas.

“A expectativa de aumento no consumo interno pode ser essencial para segurar o movimento de queda nas cotações, uma vez que a maior parte da proteína produzida é mantida dentro no país. Já nas exportações, a perspectiva é que não seja ultrapassado o recorde atingido em 2022, mas vale a atenção aos principais países importadores, como a China, cujo comportamento pode influenciar nas negociações”, conclui.

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