A malária é uma doença infecciosa, com risco de morte e é causada por parasitas que são transmitidos às pessoas por meio da picada de mosquitos infectados. O Dia Mundial de Luta Contra Malária foi instituído desde 2007 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem o objetivo de chamar a atenção global para o controle dessa doença, ainda muito frequente nas áreas tropicais do mundo e que faz milhares de vítimas.
No Brasil, a malária é considerada endêmica na região correspondente à Amazônia Legal que engloba além dos estados do norte do país, áreas fronteiriças como Maranhão (nordeste) e Mato Grosso (centro-oeste). Neste sentido, são nessas áreas onde se encontram maior incidência dos casos da doença. Porém, conforme o médico infectologista e pesquisador do tema, Cor Jesus Fernandes Fontes, são em regiões fora da Amazônia Legal (sudeste, sul e nordeste), onde há maior risco de morte por malária, já que há uma dificuldade em definir o diagnóstico da doença.
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“O atraso no diagnóstico e tratamento ocorre por inexperiência dos profissionais da assistência à saúde, que não incluem a malária no rol inicial de possibilidades, priorizando hipóteses de outras doenças mais frequentes nessas regiões, e o atraso do tratamento torna o paciente mais vulnerável à evolução grave da doença”, afirma. Por isso, segundo o médico, é importante que as pessoas tenham atenção aos sintomas, dores no corpo, febre, calafrio, diarréia, vômito, e informem no serviço de saúde caso tenha tido passagem recente pelos estados da região endêmica.
O médico explica ainda que em Cuiabá pacientes com malária geralmente são procedentes dos municípios do interior do Mato Grosso, sobretudo nas regiões noroeste e sudoeste do estado, além de estados endêmicos da Amazônia. São geralmente viajantes e motoristas que se dirigiram a trabalho, lazer ou visita de familiares.
No Hospital Universitário Júlio Müller, da Universidade Federal do Mato Grosso e administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HUJM-UFMT/Ebserh) as pessoas podem contar com atendimento especializado para casos de malária. Para ter acesso ao serviço a pessoa deve relatar os sintomas da doença na portaria central e informar que está à procura de exame e tratamento contra malária.
Um aspecto sobre essa doença, além dos riscos de agravamento e atraso do diagnóstico, diz respeito a fatores culturais, sociais e ambientais, já que sobretudo na região centro-oeste do país o aumento significativo dos casos de malária está diretamente ligado ao aumento do desmatamento e ao garimpo ilegal.
“Infelizmente, essas práticas de desmatamento e garimpo artesanal de ouro têm sido objeto de preocupação nos últimos anos. Pela sua clandestinidade, oferecem trabalho provisório, em condições precárias de contratação e de vida. Degradam o ambiente e favorecem a proliferação do mosquito vetor, o que resulta em aumento da incidência e da gravidade da malária”, acrescenta o pesquisador.
Gravidade da malária
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a malária vitimou cerca de 627 mil pessoas no mundo em 2020. Dos parasitas causadores da doença com mais incidência no Brasil, o plasmodium falciparum é o mais agressivo, pois se multiplica rapidamente na corrente sanguínea, destruindo de 2% a 25% de hemácias e provoca anemia grave. As infecções por este parasita podem causar ainda a chamada malária cerebral, tipo correspondente por 80% dos casos letais da doença, conforme dados do Ministério da Saúde (MS).