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Variedades Quarta-feira, 24 de Novembro de 2021, 07:25 - A | A

Quarta-feira, 24 de Novembro de 2021, 07h:25 - A | A

AMOR & CULTURA

Conheça a história do casal que viralizou ao dançar siriri em casamento

Brenda Closs

Estagiária | Estadão Mato Grosso

A servidora pública Bruna Gonçalves de Moraes Aquino (32) e o engenheiro civil Alahn Wellington de Moraes Aquino (25) viralizaram nas redes sociais após dançar lambadão e siriri no casamento. A dança, que faz parte da cultura cuiabana, repercutiu e o casal contou ao Jornal Estadão Mato Grosso sua história amor, além de dar detalhes sobre a ideia de incluir a cuiabania na festa de casamento.

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Eles se conheceram enquanto faziam uma prova para ingressar no mestrado de Recursos Hídricos na Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), em 2018. Num primeiro momento apenas Bruna passou.

“Ele não passou, mas eu sim. Em 2019, ele fez novamente e entrou como meu calouro. Mas aí a gente não se encontrava nas aulas porque ele estava começando e eu terminando”, lembra Bruna.

A aproximação ocorreu só em novembro de 2019, após fazerem a mesma disciplina juntos e ela, muito participativa nas aulas, chamou a atenção de seu calouro ao falar de um assunto que ele queria usar como dissertação de seu mestrado posteriormente.

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Arquivo Pessoal

BRUNA E ALAHN

 

“Eu estava de férias na praia quando ele me mandou um e-mail, super profissional, se apresentando e pedindo dados para fazer o trabalho de mestrado dele. Na hora não entendi, chamei minha irmã e perguntei se ela achava que era uma cantada e ela falou para eu não me iludir”, conta a esposa.

DESENCONTROS
Mas não pense você, caro leitor, que dessa vez o romance foi pra frente. Ambos estavam ‘travados’ na hora de flertar e tiveram muitos desencontros. Bruna precisava entregar sua dissertação e não tinha tempo para conhecer melhor Alahn. Além disso, em 2020, assim como toda a população mundial, a servidora enfrentou a pandemia de covid-19, que forçou toda a população planetária a se trancar em casa.

“No começo da pandemia fiquei muito abalada, achei que fosse enlouquecer dentro de casa e tinha que finalizar o mestrado. Foi quando eu o chamei pra andar na Orla do Porto. A gente nunca tinha conversado pessoalmente”, relembra.

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A resposta, no entanto, não agradou. Alahn recusou o convite, pois “estava com preguiça”. Bruna por sua vez, avaliou a recusa como “o fim da picada, um desaforo” e bloqueou o engenheiro. Mas esse não foi o fim para a missão do Cupido. Como bom brasileiro, que não desiste nunca, Alahn continuou mandando mensagens, mesmo elas nunca chegando.

O engenheiro civil conta que algum tempo depois o pai de Bruna morreu e ela ficou em choque, bem baqueada com a perda. Embora não estivesse presente fisicamente, ele se manteve ao seu lado, da forma como podia.

“No dia previsto para ela apresentar [a dissertação] ela me desbloqueou e me contou que não iria apresentar por causa dessa situação com o pai. Eu sempre estive ali junto, com minhas orações. Antes mesmo de conhecê-la pessoalmente eu sonhava com ela”, disse, acrescentado que sente muita admiração pela amada por tudo que ela passou.

Foi então que eles começaram a se conhecer melhor e, em abril deste ano, tomaram a decisão de juntar as escovas de dentes e oficializar a união.

“Nós decidimos nos casar em abril deste ano. Foi muito corrido, até porque casar não é barato, mas com a ajuda de amigos e familiares e a graça de Deus conseguimos oficializar o casamento agora em novembro”, contou Alahn.

CULTURA CUIABANA
À reportagem, o casal explica que a ideia de dançar siriri no casamento partiu de Alahn, que foi criado nas margens do Rio Cuiabá em Santo Antônio do Leveger. Ele diz que o pai sempre o incentivou a seguir as tradições cuiabanas para não perder suas raízes.

“A cuiabania está presente desde o berço em mim. Principalmente o carnaval de Siriri, que em Santo Antônio do Leveger passa de casa em casa, brincando com todo mundo. O Rio Cuiabá está sempre cheio, às vezes até dentro das casas do povo. Eu jamais perderei meu sotaque e a minha tradição”, afirmou.

Por outro lado, Bruna - que é de Rondonópolis (215 km de Cuiabá) - não tinha muita experiência com as tradições cuiabanas e ficou receosa em dançar no casamento. Mesmo assim, ela embarcou na ideia do amado.

“Quando ele disse que queria dançar, eu falei pra ensaiarmos, porque eu até gosto, mas como não participo ativamente como ele, minha vivência é muito rasa. Fiquei com medo de não conseguir”, contou.

REPERCUSSÃO E LEGADO

O engenheiro diz que a repercussão da dança foi muito maior do que ele pensava. Ele queria apenas surpreender os convidados, o que aconteceu, pois os mesmos ficaram encantados. Além disso, foi só elogios para a esposa, que ensaiou com afinco para fazer bonito.

“A repercussão que rolou foi porque dançamos os dois, mas pra gente é normal. Eu sempre falei pros meus pais que iria dançar. Se tem valsa, tem que ter o lambadão e o siriri também. A Bruna não sabia, mas com os ensaios, ela se tornou uma 'cuiabana de tchapa e cruz'”, pontuou.

Para ele, os vídeos terem viralizado foi um importante meio de mostrar que a cultura local ainda está presente nos cuiabanos e deve ser valorizada, além de fazer parte de cada um e ser fundamental sua transferência de geração para geração.

“Eu queria que isso servisse de espelho para outras pessoas que vivenciam a nossa cultura, pois eu vejo, andando pela cidade, que isso está se acabando, e tem que ser criado desde o berço. Usei meu casamento para divulgar a cultura cuiabana e mantê-la viva e fico muito feliz por isso”, finalizou.

*Estagiária sob a supervisão do editor Tarley Carvalho

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