O anúncio do presidente estadunidense, Donald Trump, de que pretende taxar em 50% os produtos vindos do Brasil gerou críticas do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União). Para ele, a medida mistura interesses políticos com decisões econômicas e pode prejudicar os dois países.
Segundo Mauro, apesar de o estado de Mato Grosso registrar apenas 1,5% de suas exportações destinadas aos Estados Unidos, há estados brasileiros onde esse percentual ultrapassa 30%. “A média brasileira é de 15% do nosso comércio, e os americanos estão levando vantagem porque a balança é favorável para eles”, observou.
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O governador destacou o comportamento “instável” e “muito agressivo” de Trump, não apenas em relação ao Brasil, mas também com outros países como China, Canadá, México e nações da Europa. “Ele tem um estilo totalmente aleatório — não vou dizer louco — para fazer negociações. Mas ele é presidente da maior potência do mundo e tem o seu peso”, afirmou.
Mauro também elogiou a postura da China diante de embates comerciais com os EUA. “A China, com habilidade e paciência, gerenciou esta crise, e espero que as autoridades do Brasil tenham essa competência de jogar a favor do Brasil e não contra o Brasil”, disse. Para ele, ainda que no momento tudo esteja no campo das especulações, as medidas “podem trazer consequências para os dois lados. Nós temos o que perder, e eles têm o que perder”.
Ao comentar a motivação política por trás das tarifas, o governador foi enfático: “O Trump está muito equivocado e errando de forma grotesca ao misturar política com economia. Não tem motivo nenhum para ele criar essas tarifas para o Brasil, motivos econômicos. O saldo da balança comercial é positivo para os EUA. Só que ele misturou política com economia”, disse.
Mauro reconhece que Trump tem o direito de emitir opiniões e defender aliados, como o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Mesmo sendo presidente americano, ele pode defender qualquer amigo ou aliado de qualquer parte do planeta. Eu acho que até os argumentos dele têm uma certa razoabilidade e podem ser levados em consideração, mas ele começa a perder a razão quando mistura política com economia”, argumentou.
Por fim, reforçou: “Ele tem todo o direito de se posicionar como cidadão americano ou presidente para defender o amigo dele aqui. Eu até acho que há uma certa razoabilidade no que está fazendo, porém não dá para misturar política com economia. Não dá para penalizar o nosso país, os produtores brasileiros, os importadores americanos, o próprio cidadão americano. E, quando ele mistura política com economia, ele erra gigantemente”, concluiu.