Dollar R$ 5,75 Euro R$ 6,49
Dollar R$ 5,75 Euro R$ 6,49

Polícia Quarta-feira, 07 de Maio de 2025, 17:14 - A | A

Quarta-feira, 07 de Maio de 2025, 17h:14 - A | A

CASO HELOYSA

DNA revela que adolescente não foi estuprada pelos assassinos

Igor Guilherme

Repórter | Estadão Mato Grosso

Tarley Carvalho

Editor-adjunto

Exames de DNA comprovaram que a adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, morta aos 16 anos, não foi estuprada por seus assassinos. A vítima foi executada com requintes de crueldade no último dia 22 de abril, a mando do próprio padrasto, Benedito Anunciação de Santana, de 40 anos, em vingança pelo fim de seu relacionamento com a mãe da garota. A revelação foi feita pelos delegados Gustavo Bertoli e Marcos Sampaio durante coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira, 7 de maio.

“O exame necroscópico da vítima aponta que existiam atos libidinosos na vítima, mas esses atos libidinosos eram, de certa forma, superficiais... era uma roxidão ali na região genital da vítima e pequenas escoriações e que eram compatíveis com atos libidinosos. Isso fez com a gente requisitasse coleta de material genético nessa região, que foi confrontado com o material genético que foi colhido dos suspeitos e os resultados foram negativos”, disse o delegado Marcos Sampaio.

- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)

- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)

Por este motivo, os criminosos não serão indiciados pelo crime de estupro. Ao todo, os envolvidos responderão por quatro crimes: feminicídio, lesão corporal, roubo majorado, extorsão e ocultação de cadáver.

Conforme os dois delegados, o inquérito acerca do crime foi finalizado na última sexta-feira, dia 2.

A execução de Heloysa chocou não só Cuiabá, mas todo o estado, repercutindo também nacionalmente. Heloysa estava em casa na noite daquele dia, quando criminosos chegaram ao local, e a espancaram, juntamente com sua mãe, Suellen Cristina. A adolescente foi levada pelos criminosos no carro de Suellen, num suposto assalto.

O corpo da jovem foi encontrado horas depois, jogado em um poço situado numa região de mata do bairro Ribeirão do Lipa, em Cuiabá. Heloysa estava com as mãos e os pés amarrados e apresentava sinais de violência.

Em sua casa, a mãe da vítima aguardava por notícias e era acompanhada por seu ex-namorado, Benedito, sem saber que o crime tinha sido cometido por ordem dele. Principal suspeito, ele ainda acompanhou a mulher à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jardim Leblon quando ela passou mal. Foi lá na unidade médica, inclusive, que o suspeito foi abordado e preso pela Polícia.

As investigações apontaram que Benedito não aceitou o fim do relacionamento e orquestrou a morte de sua ex. Ele contou com a ajuda de seu filho, Gustavo Benedito Júnior Lara de Santana, de 18 anos, que por sua vez chamou outros dois amigos, estes últimos adolescentes.

Benedito e Suellen estariam juntos há quatro meses, num relacionamento marcado por violência psicológica do homem contra a mulher, segundo revelou a investigação da Polícia Judiciária Civil (PJC).

As autoridades também apuraram que o plano incluía a morte da mãe da garota, cuja parte não foi cumprida. Conforme depoimentos, Benedito chegou a presenciar a enteada ser estrangulada, mas deixou o local do crime no meio das agressões para atender a um chamado do trabalho. Ele era servidor do Estado.

Ao ser preso, o homem tentou se blindar, acusando sua ex de encomendar a morte da própria filha, afirmando que ela não aceitava a suposta homossexualidade da adolescente. A acusação foi prontamente repudiada pela defesa da família das vítimas e não foi acolhida pelas autoridades, que não constataram fundamento na teoria.

Durante a fase de coleta de depoimentos, Benedito foi delatado pelo próprio filho. Segundo Gustavo, o pai o procurou no mesmo dia do crime, afirmando que a namorada precisava morrer por, segundo ele, o estar traindo. Segundo o jovem, o pai pediu que o filho cometesse o crime e autorizou que móveis da casa fossem recolhidos como pagamento pelo crime.

Ainda durante o depoimento, Gustavo afirmou que Benedito chegou a cancelar a ordem de assassinato, mas os adolescentes que estavam com ele se recusaram a cumprir com a nova ordem e começaram a agredir Eloysa.

Pai e filho passaram por audiência de custódia no dia 24 e tiveram suas prisões em flagrante convertidas em preventivas. Eles estão no raio de segurança máxima da Penitenciária Central do Estado (PCE) e em celas distintas.

search