Após divulgação de um vídeo nas redes sociais, em que uma adolescente aparece sendo brutalmente agredida por outras alunas dentro da unidade de ensino, o delegado Marcos Paulo Batista de Oliveira, responsável pelo caso, declarou que a aluna agredida “descumpriu regras”, segundo um grupo criado pelas próprias agressoras com base em estatutos de facções criminosas. O crime ocorreu na Escola Estadual Carlos O’Brien, em Alto Araguaia (a 420 km de Cuiabá), no final da tarde dessa segunda-feira, 4 de agosto.
O caso revelou um cenário alarmante: cerca de 20 estudantes mantinham um grupo no WhatsApp onde copiavam práticas do crime organizado. As adolescentes definiram líderes, hierarquia, condutas e punições – e, segundo o delegado, essa estrutura servia para controlar o comportamento dos colegas, dentro e fora da escola.
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“Um grupo de aproximadamente 20 alunas dessa escola, resolveram ali entre eles, criar um grupo, definindo regras, líder, disciplina, copiando aí mais ou menos o que ocorre dentro das facções criminosas [...] inclusive uma das regras durante a agressão não pode chorar, porque se chorar a agressão é ainda maior”, explicou o delegado Marcos Paulo.
A vítima teria infringido uma dessas “normas”, e por isso foi alvo da agressão. As envolvidas foram identificadas, levadas à delegacia com os responsáveis e confessaram que espancaram outras quatro colegas, em episódios similares, também por “quebra de regras”.
Durante a investigação, os celulares das adolescentes foram apreendidos e novos vídeos de agressões foram encontrados. A Polícia Civil já encaminhou o procedimento ao Ministério Público e recomendou a internação das autoras.
“É importante salientar que uma das adolescentes foi conduzida recentemente para a delegacia aqui de Alto Araguaia, que estava andando com maiores de idade faccionados [...] o que comprova aí esse ambiente desvirtuado de valores aí que está permeando a nossa sociedade”, relatou.
Marcos Paulo também pontuou que a escola conta com estrutura adequada, incluindo psicólogos e fornecimento de uniformes e materiais, mas que isso não é suficiente para conter o que chamou de “desvirtuamento de valores” da sociedade.
A diretora da escola também prestou depoimento e deve ser ouvida novamente no decorrer da apuração.
Veja vídeo: