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Opinião Quarta-feira, 18 de Novembro de 2020, 17:58 - A | A

Quarta-feira, 18 de Novembro de 2020, 17h:58 - A | A

ARNO SCHNEIDER

População mundial x produção

Arno Schneider*

É impossível cultivar o solo sem interferir na natureza.

Todas as espécies esperneiam pela sobrevivência. Os humanos não são diferentes, e o principal fator é a disponibilidade de alimentos.

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A produção e a demanda mundial estiveram, nestas últimas décadas, mais ou menos em equilíbrio. Neste momento, porém, estamos vivendo um aumento de preços das commodities agrícolas e pecuárias.

O mercado é muito frágil e emotivo. Um pequeno possível risco climático ou qualquer perturbação na produtividade mundial já provocam uma corrida para estocar alimentos com reflexos imediatos nos preços.

Isso nos indica que não temos, em nível planetário, estoques estratégicos de comida.

Se estamos sempre próximos do limite, por que então toda esta gritaria contra o desmatamento?

É lógico pensar que todo desflorestamento feito até agora foi necessário para prover alimentos e vestuário para a sobrevivência da humanidade. Sem esquecer que dois ou três bilhões de pessoas encontram-se, ainda, subalimentadas.

O mesmo ocorre com as críticas ao uso de defensivos agrícolas. Não estaríamos colhendo nem 50% da produção atual se não houvesse agroquímicos para combater pragas e doenças.

Aí, sim, teríamos que desmatar todo o planeta para prover de alimentos toda a população.

Sem o uso de todas as terras já desmatadas, já estaríamos com problemas de abastecimento e de preços.

Estima-se que o consumo de alimentos irá dobrar até a metade do século.

As maiores causas serão o aumento natural da população mundial e a inserção de centenas de milhões de pessoas no mercado consumidor, principalmente pela China e Índia.

O Brasil poderá facilmente dobrar a produção agropecuária em pouco tempo. Mas os outros países produtores do Hemisfério Norte, conseguirão essa façanha?

Os aumentos de produção e produtividade do agro virão dos países tropicais e não dos países situados em climas temperados.

Um aquecimento global seria muito favorável à agricultura. Rússia, Canadá e outros países poderiam incorporar áreas hoje congeladas ao processo produtivo.

Já ao contrário, se houver resfriamento, poderemos ter problemas sérios de queda de produtividade, com o agravante de não possuirmos solução para essa possibilidade.

Existem estudos, baseados em ciência, que indicam um resfriamento global nos próximos anos. Isso seria um desastre para a humanidade. Já aconteceu diversas vezes em séculos passados.

Lembram do colapso da cultura cafeeira do Norte do Paraná?

Um fato curioso foi a explosão em 1883 do vulcão Krakatoa na Indonésia, que provocou por dois anos um inverno planetário e prejudicou enormemente a agricultura mundial da época.

 

Acho que o planeta poderá suportar este aumento de demanda, com novas tecnologias de produção e com a inserção ao processo produtivo de áreas de pastagens com aptidão agrícola.

Aqui no Brasil podemos tranquilamente dobrar a produção mesmo sem agredir a Amazônia. 

Resumindo:

O mais perigoso dos inimigos da produção de alimentos é o resfriamento global.

Todos os desmatamentos feitos até agora no planeta foram necessários para garantir a alimentação da humanidade.

A suficiência alimentar é prioridade de todas as espécies. Sem adubos químicos e sem defensivos agrícolas, seria o fim de linha para boa parte da humanidade.

É impossível produzir alimentos sem perturbar a natureza.

 

* ARNO SCHNEIDER é engenheiro agropecuário e pecuarista.

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