Quando a ciência apontou os primeiros sinais para uma saída da pandemia, esperava-se que pudéssemos virar a página e ver uma Nação mais dedicada ao progresso científico e tecnológico, como uma forma de gratidão por nos dar uma luz no fim do túnel. Ledo engano. O que se vê é uma aceleração no desmonte das estruturas de Ciência, Tecnologia e Inovação brasileiras, coroada pela decisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro que suspendeu a avaliação dos programas de pós-graduação em andamento. Para as principais lideranças científicas brasileiras, chegamos ao fundo do poço.
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Aliás, ‘O fundo do poço’ foi o título de uma nota conjunta lançada pelos reitores de três universidades públicas paulistas - USP, Unicamp e Unesp -, que também são as principais produtoras de conhecimento científico. Só que como estamos no Brasil, o fundo do poço pode ser ainda mais embaixo, ou nem existir.
Uma semana depois da nota, veio mais um duro golpe, dessa vez desferido pela caneta do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele resolveu retirar mais de 90% dos recursos que seriam destinados a projetos científicos para destiná-los a outros ministérios. Com o corte, a verba destinada para a ciência que era de R$ 690 milhões - uma migalha do orçamento federal, de R$ 4,3 trilhões em 2021 - deve cair para míseros R$ 55,2 milhões. Tamanho corte irá inviabilizar o desenvolvimento científico nacional, já que o valor de sobra tem destino carimbado: despesas relacionadas aos radiofármacos. Não sobrará nada para os custear o trabalho dos cientistas, muito menos suas bolsas de pesquisa.
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Do dinheiro retirado da Ciência, R$ 250 milhões serão destinados ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), aquele órgão do ‘tratoraço’ com sobrepreço de R$ 130 milhões, que está na mira da Polícia Federal. Tratoraço este que é uma das formas encontradas para ajudar a eleger aliados do governo em 2022, por meio do ‘orçamento secreto’ dado pelo presidente para manter seu apoio no Congresso. No total, foram empenhados R$ 6,5 bilhões em emendas do relator, o mecanismo usado para o operar orçamento secreto. A ‘fome’ é tanta que não poupa sequer os trocados que eram destinados ao progresso científico.
O fundo do poço é mais embaixo. Talvez nem exista. Isso fica claro no comportamento de uma Nação que não dá graças à Ciência e seus profissionais da Saúde pela vitória contra um inimigo invisível e mortal. Pelo contrário, os pune. E assim o fundo do poço se expande, ameaçando engolir a todos nós.