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Opinião Quinta-feira, 05 de Novembro de 2020, 15:29 - A | A

Quinta-feira, 05 de Novembro de 2020, 15h:29 - A | A

SANI NEVES

Mariana Ferrer

Sani Neves*

Começo o texto de hoje emprestando uma frase do sábio e coerente Padre Fábio de Mello: 'Sobre o estupro culposo, diga-me, como seria? Mas antes, permita-me indagar, é possível explicar sem que se sinta inescrupuloso?'.

Não! Não é digerível me calar diante de um episódio de violência legitimada pelo patriarcado a serviço da cultura do estupro! Eu e milhares de pessoas sentimos muito diante do julgamento sem precedentes do estuprador: branco e rico!

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Infelizmente o caso da Mariana não é raro, pois um estupro ocorre a cada 8 minutos no Brasil, nos mais diversos locais e situações, e você já parou para pensar que muitas vítimas podem chegar a não formalizar a denúncia por vergonha, medo, e tantas razões que não caberia aqui? Inclusive, por temer passar por algo semelhante ao que o Brasil assistiu recentemente!

Mas ainda assim não podemos desistir, não podemos deixar de chorar com a Mariana e tantas anônimas que passam por isso diariamente!

E para nunca esquecermos, nunca deixarmos de nos indignar e exigir JUSTIÇA, o nome do estuprador: André de Camargo Aranha, o promotor que alegou estupro culposo: Thiago Carriço, o nome do advogado que humilhou a vítima: Cláudio Gastão da Rosa Filho, nome do juiz: Rudson Marcos. O nome da vítima, todas já sabemos e nunca esqueceremos, a ela toda força e empatia necessária, ainda que saibamos, não é o suficiente para curar o trauma vivenciado duplamente – no episódio do estupro e na audiência!

E finalizando, eu não quero (mais) viver com medo! Nós mulheres não aceitamos mais viver com esse medo absurdo, é uma violência comigo, com o que eu gosto, penso e acredito viver me policiando quanto ao lugar que vou, a roupa que vestirei, o caminho e o horário mais seguros, é exaustivo! Sair para relaxar e precisar ficar atenta para não colocarem nada em minha bebida, além de permanecer sóbria o suficiente para me proteger quando não aceitarem o meu 'não' como resposta, é algo de que desejo me libertar e essa fala acredito eu, não é só minha, é de muitas mulheres que nasceram ouvindo que precisavam se cuidar, se comportar, falar e rir baixo, não sentar de perna aberta e não usar roupas tão curtas, decotadas ou ousadas... Estamos feridas e cansadas! Cansadas de levarmos a culpa injusta e cruelmente, como se apenas o fato de nascermos mulher já nos condenasse!

Justiça por Mariana, é o mínimo que esperamos! Justiça!

 

* SANI NEVES. Psicóloga. CRP 18?01332. Terapeuta EMDR e Constelação Familiar. Contato: [email protected]

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