A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto, acendeu o alerta entre lideranças do agronegócio em Mato Grosso. A Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (Aprosoja-MT) classificou a medida como “profundamente preocupante” e apontou os riscos diretos à economia rural, ao abastecimento interno e à inflação nacional.
Em nota oficial, a entidade afirmou que, se implementada, a medida deve penalizar tanto exportadores quanto consumidores, impactando o campo e a mesa do brasileiro. A lista de produtos potencialmente afetados é extensa e inclui itens estratégicos para o estado como carne bovina, suco de laranja, café, milho, etanol e até aeronaves fabricadas pela Embraer.
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Só nos seis primeiros meses de 2025, Mato Grosso exportou US$ 166,37 milhões em produtos para os EUA, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A carne bovina congelada lidera o ranking, com 20,1 milhões de quilos embarcados. A lista segue com carne resfriada, sebo, ovos, madeiras tropicais e outros itens peculiares, como rabos bovinos e gelatina. Todos esses produtos agora estão sob risco de queda na competitividade devido à nova tarifa.
A Aprosoja reforça que o impacto vai além das exportações diretas. A alta nas tarifas pode desorganizar o mercado de carnes, reduzindo a demanda por milho e soja usados na produção de ração animal e confinamento bovino. Isso, por sua vez, pressiona os preços no campo e afeta a cadeia produtiva de grãos.
“O agronegócio representa cerca de 25% do PIB e é o setor que mais cresce na geração de empregos no país. Prejudicá-lo é penalizar diretamente o interior do Brasil, que depende da força do campo para manter sua economia girando”, diz a nota.
Além disso, Mato Grosso importa insumos críticos dos EUA, como óleo diesel, gasolina, nafta e máquinas agrícolas de alto padrão. Qualquer encarecimento pode aumentar os custos de produção e comprometer a rentabilidade dos produtores. Segundo a entidade, uma escalada tarifária como a proposta por Trump também pode gerar inflação e obrigar o Banco Central a elevar ainda mais a taxa Selic, encarecendo o já difícil acesso ao crédito rural.
“A Aprosoja Mato Grosso, como entidade político-classista, defende seus produtores e alerta que os efeitos dessa guerra comercial podem recair sobre toda a sociedade: com alimentos mais caros, transporte pressionado, inflação elevada e perda de competitividade do setor produtivo. Conflitos que não são nossos não podem gerar prejuízo aos brasileiros. É hora de buscar, com urgência, o caminho do diálogo diplomático”, concluiu a nota.