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Economia Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 2021, 07:30 - A | A

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DA LAMA AO CAOS

MT-322: onde os fracos não têm vez

Priscilla Silva

Obras emergenciais para garantir a trafegabilidade da MT-322 (antiga BR-080) foram iniciadas nesta semana. Anualmente, a combinação de aumento das chuvas e tráfego de caminhões resultam na formação de atoleiros, o que demanda constantes recursos para manutenção. Neste ano, por exemplo, mais de 200 caminhões ficaram presos nos atoleiros entre as comunidades dos Baianos e Alô Brasil, no município de Bom Jesus do Araguaia.

A região do Vale do Araguaia, norte de Mato Grosso, é conhecida pela sua produção de grãos e a pavimentação dessa rodovia é considerada estratégica para a expansão do agronegócio. O projeto que prevê o asfaltamento da rodovia está há mais de dez anos travado por questões ambientais. O motivo do impasse é que parte da rodovia transpassa terras indígenas do Parque Nacional do Xingu.

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De acordo com a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), a rodovia já havia recebido, no ano passado, serviços de manutenção ao longo dos seus 191 quilômetros de extensão. Ao todo, dois trechos passaram por obras, sendo um feito por meio de contrato com o Estado e a outra parte via consórcio.

“Podemos deixar a rodovia um tapete, mas, por não ser pavimentada, basta chover um pouco que piora a qualidade da rodovia. E a situação ainda agrava, pois o tráfego por essa estrada é pesado. Passam caminhões e carretas carregadas e que não deveriam transitar pela estrada com chuva”, apontou Nilton de Britto, secretário-adjunto de Obras Rodoviárias da Sinfra.

As dificuldades para pavimentação da MT-322 começam já com a sua criação, em 1971. Vista como trecho abandonado da BR-080, a rodovia foi aberta em território indígena em Mato Grosso e depende de licenciamento ambiental para ser asfaltada.

Conforme o projeto Xingu+, que reúne as principais organizações de povos indígenas, associações de comunidades tradicionais e instituições da sociedade civil atuantes na Bacia do Rio Xingu, a MT-322 já causa impactos diretos sobre as populações indígenas da região, mesmo não estando totalmente pavimentada.

“Isso por conta do intenso fluxo de caminhões na rodovia. Uma eventual pavimentação total da rodovia e a construção de uma ponte sobre o rio Xingu devem aumentar o fluxo de caminhões e mais os impactos socioambientais”, aponta o grupo.

Os representantes dos povos atingidos também alertam para a falta de regulamentação da rodovia estadual e a possibilidade de um aumento de problemas na região com a construção da Ferrogrão (EF-170).

A definição de regras de funcionamento da rodovia 322 é considerada urgente pelo grupo, uma vez que o projeto da Ferrogrão tem avançado e prevê a construção de uma estação de cargas no município de Matupá, o que aumentará o fluxo de caminhões.

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