O cenário de incerteza quanto ao mercado global de combustíveis se mantém, com o barril do petróleo sendo negociado em preços muito instáveis nesta semana. No início da semana, o barril de petróleo do tipo Brent chegou a ser negociado no menor patamar desde o mês de janeiro deste ano, em US$ 83, mas escalou até quase US$ 90 no decorrer da semana e voltou a despencar para o patamar anterior nesta sexta-feira (30).
Nesse cenário, o diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Mato Grosso (SindiPetróleo), Nelson Soares Júnior, avalia que não há expectativa de baixa nem de alta nos preços dos combustíveis para a próxima semana. A certeza é que o mercado continuará vivendo uma instabilidade, impedindo projeções de preços a médio e longo prazo.
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“A gente teve esse furacão na Flórida e atrapalhou, reduziu bastante a oferta de petróleo no Golfo do México, isso fez com que o preço do barril subisse. E também a instabilidade que está gerando no mundo, está fazendo com que os Estados Unidos aumentem a taxa de juros e isso ‘carreia’ dólar para os EUA”, afirma Nelson, em entrevista ao Estadão Mato Grosso.
Os efeitos citados por Nelson fizeram o preço do dólar aumentar bastante para os brasileiros ao longo da semana, o que praticamente neutraliza eventuais quedas no preço do barril do petróleo, já que a Petrobras leva em consideração o preço do petróleo no mundo e o dólar na hora de estabelecer seus preços.
Nessa sexta (30), por exemplo, a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) apontava que o preço do diesel estava 9 centavos mais caro no comércio internacional. Portanto, se o cenário se agravar, poderá haver um novo aumento desse derivado do petróleo.
Nelson aponta também que não é o cenário eleitoral brasileiro que tem mais impactado o dólar, mas sim o aumento das taxas de juros nos EUA, o que faz com que investidores levem seus recursos para aquele país, para se beneficiarem com as altas taxas. Para Nelson, o mercado de combustíveis já precificou os impactos da eleição, independente de quem ganhar.
“Eu acho que isso já está precificado, todo mundo está sabendo que a eleição é em outubro e quem são os dois candidatos. Então, eu não vejo que isso pode estar mais colocando pressão no preço, seja de aumento ou de baixa”, afirma.
Já em relação ao preço do etanol, o especialista aponta que o cenário também é de estabilidade. Porém, há possibilidade de que tanto a indústria como os postos atuem, futuramente, para recuperar as margens. Isso porque o preço do etanol ainda segue bem abaixo dos 70% do preço da gasolina, fazendo com que ele continue mais vantajoso para os motoristas.
“Como a gasolina parou de cair, ele está ocupando o lugar dele, para ficar na casa dos 70% em Mato Grosso. Então, houve alguma recuperação de margem na usina e também nos postos, principalmente em Cuiabá, mas eu acho que não consegue aumentar mais do que isso”, completa.
Nelson acrescenta, por outro lado, que a moagem da safra de cana-de-açúcar está chegando ao fim. Isso vai permitir que as indústrias consigam estocar o combustível, reduzir a oferta e equilibrar preços, já que as usinas estavam operando com margem negativa devido ao excesso de estoque.