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Economia Sexta-feira, 05 de Novembro de 2021, 07:00 - A | A

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FESTIVAIS DOS DESCONTOS

Mau pagador paga “pechincha” e consegue ficar com nome limpo

A temporada de renegociação de dívidas está aberta, mas devedores devem ficar atentos para não voltar à inadimplência após limpar nome

Priscilla Silva

Repórter | Estadão Mato Grosso

O mês de novembro é, por tradição, o período dos “feirões limpa nome”. Entidades ligadas ao sistema financeiro abrem canais de negociação de dívidas atrasadas, com ‘ofertas’ de condições tentadoras. Ações como essas beneficiam as instituições financeiras e devedores ao mesmo tempo, mas também tem seu lado negativo: o incentivo à inadimplência.

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Neste ano, o festival limpa nome conta com intermediadores de dívidas como o Serasa, com mais de 100 empresas participantes; a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que conta com mais 160 instituições financeiras, dentre outras ações organizadas por estados e municípios. Em todas as ocasiões, o objetivo é o mesmo: reduzir a inadimplência no país.

Ter, todos os anos, um período para promover renegociação de dívidas tem ocasionado um efeito rebote. “Esses mutirões realizados em novembro têm a nítida intenção de liberar pessoas e empresas para voltarem a se endividar nas compras de Natal e pagamento de abono natalino. O lado ruim disso é que pode estimular futuras inadimplências”, reforça o economista Vivaldo Lopes.

O resultado parece ser incoerente, mas tem uma lógica que alimenta o sistema financeiro. No caso de instituições financeiras, as razões básicas dos feirões incluem: a melhora do balanço da instituição financeira; recuperação dos valores emprestados e qualificar o cliente para tomar novos empréstimos.

“No primeiro motivo [melhora do balanço financeiro], por exemplo, se a instituição tem R$ 100 mil de inadimplência, precisa providenciar, em sua tesouraria, outros R$ 100 mil. Isso significa uma redução na sua capacidade de emprestar. O segundo ponto é recuperar pelo menos o capital emprestado, ou seja, reduzindo perdas. Por último, cria condições para reabilitar o cliente para que possam tomar novos financiamentos”, destaca o economista.

Hoje, sexta-feira (05), é o último dia do Feirão Serasa Limpa Nome, que teve início na última quarta-feira (03). Neste ano, no balcão de negociações estão mais de 100 empresas de diversos segmentos. Entre as condições ofertadas aos inadimplentes há até um “auxílio dívida”.

“O principal objetivo do Feirão Serasa Limpa Nome é diminuir o número de negativados no Brasil. Por isso, lançamos o Auxílio Dívida Serasa de R$ 50 para ajudar milhões de brasileiros a recomeçarem”, diz a entidade. Além do “prêmio”, os consumidores ganham descontos até 99% e opções de parcelamento sem juros.

No último levantamento feito pelo Serasa, 62,21 milhões de pessoas estavam inadimplentes, em setembro. Segundo o estudo, o número é o menor desde o pico em abril de 2021. O número total de dívidas também segue em queda, com 208,46 milhões de dívidas em todo o País.

Parte dos inadimplentes que esperam os festivais para renegociar suas dívidas, acabam ganhando duas vezes: Pagam menos e em melhores condições de juros e são premiados com o bônus de serem habilitados para adquirir novos créditos. “É muito injusto para os bons pagadores, que pagam juros maiores por causa da elevada inadimplência”, pondera Vivaldo.

Adultos e idosos estão devendo mais

Apesar da diminuição do número de inadimplentes em setembro (62,21 milhões de pessoas), o valor das dívidas ficou mais alto, sendo 0,34% no valor total ante o mês de agosto. As contas somam R$ 245,3 bilhões, uma média de R$ R$ 3.944,65 por pessoa e R$ 1.177,19 por dívida.

Quanto ao perfil dos inadimplentes, em setembro, a população entre 26 e 60 anos acumula o maior número de inadimplentes, sendo 35,6% (26-40 anos) e 34,7% (41-60 anos). Mulheres e homens estão tecnicamente empatados, com 50,1% e 49,9%, respectivamente. No entanto, o grupo formado por mulheres foi o mais interessado em pagar as dívidas. Conforme a pesquisa, 53,94% das pessoas do gênero feminino negociaram as dívidas no Serasa Limpa Nome, contra 44,06% do gênero masculino.

Os bancos e cartões de crédito seguem liderando o ranking das contas responsáveis pela inadimplência, correspondem a 28,70% delas. As dívidas de utilidades (contas básicas, como água e luz) com 23,5% e varejo com 13%, formando o trio da inadimplência.

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“Os números revelam que os brasileiros estão buscando oportunidades de renegociar com condições diferenciadas e que as empresas credoras entendem cada vez mais a importância de oferecer essas condições para os brasileiros renegociarem: só em setembro, foram mais de R$ 3,27 bilhões de descontos concedidos em renegociações pelo Serasa Limpa Nome”, destaca Nathalia Dirani, gerente da Serasa.

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