O município de Lucas do Rio Verde está no centro de dois grandes projetos ferroviários que prometem transformar o transporte de cargas no Brasil. O mais recente deles é o plano do governo federal para concessão de 2.400 quilômetros de trilhos, conectando o coração do agronegócio em Mato Grosso ao Porto de Ilhéus, na Bahia. A outra iniciativa, que já está em andamento, é a Ferrovia Estadual Senador Vicente Emílio Vuolo, que vai interligar o município ao Porto de Santos, em São Paulo.
O plano do governo federal integra os traçados da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), conectando também o eixo da Ferrovia Norte-Sul, que já liga o interior de São Paulo ao Maranhão. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o Ministério dos Transportes já está conduzindo os estudos de viabilidade técnica e econômica para a concessão conjunta, com previsão de concluí-los ainda neste mês, para serem encaminhados à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
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O diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale, informou que o objetivo é abrir a consulta pública para o projeto no final de janeiro de 2025. Um dos pontos em análise é uma possível alteração no traçado da Fiol, substituindo o trecho final original que ligaria Barreiras (BA) a Figueirópolis (TO) por um trajeto que alcance Mara Rosa (GO), onde a Fiol se conectaria diretamente à Fico, que já está sendo construída pela Vale.
“Essa alteração busca integrar de forma mais eficiente as duas ferrovias e potencializar os investimentos, criando um corredor logístico de alcance nacional”, explicou Vitale, em entrevista à Folha de S. Paulo.
A concessão à iniciativa privada busca resolver um problema que está nas mãos do governo federal há anos. Com a construção sob responsabilidade da estatal Infra S.A., a Fiol enfrenta desafios que travam sua conclusão há mais de uma década. Com 1.022 quilômetros projetados entre Ilhéus e Barreiras, a ferrovia tem trechos concluídos e outros ainda em construção.
Os 171 km de trilhos já concluídos para ligar Ilhéus a Caetité foram concedidos à empresa Bamin Mineração, que tem origem no Cazaquistão. Porém, a mineradora está em processo de devolução dessa concessão, alegando dificuldades financeiras, o que aumentou as incertezas quanto à continuidade do projeto.
Segundo a Folha de S. Paulo, há conversas entre a Vale e o governo para que o novo projeto seja concedido à gigante brasileira. As articulações buscam evitar a caducidade do contrato com a Bamin, o que ajudaria a reduzir o tempo de paralisação das obras e o gasto com indenizações.
FERROVIA ESTADUAL AVANÇA
Enquanto o projeto federal ainda passa por análises, a Ferrovia Estadual Senador Vicente Emílio Vuolo, liderada pela Rumo Logística, já está em construção. O traçado, com 730 quilômetros de extensão, conectará Lucas do Rio Verde a Rondonópolis (MT) e, de lá, ao Porto de Santos, principal rota de exportação do agronegócio brasileiro.
O primeiro terminal de cargas do projeto está sendo construído entre Dom Aquino e Primavera do Leste, com entrega prevista para 2026. Com capacidade para escoar até 10 milhões de toneladas de grãos por ano, o terminal promete otimizar o transporte da produção agrícola e reduzir o tráfego de caminhões nas rodovias.
A Ferrovia Estadual terá um custo estimado entre R$ 14 bilhões e R$ 15 bilhões, financiados integralmente pelo setor privado. Já o projeto federal prevê investimentos vultosos para concluir trechos da Fiol e da Fico.
Esses projetos não apenas ampliam a capacidade logística do Brasil, mas também geram empregos e impactam diretamente a economia local. Apenas as obras da Ferrovia Estadual já empregam mais de mil pessoas, com expectativa de crescimento nos próximos anos.