Motoristas profissionais que decidiram aderir ao GNV como combustível estão enfrentando grandes filas para abastecer todos os dias, perdendo até duas horas de trabalho enquanto esperam para encher o tanque. Não é uma questão de falta de gás, como era cogitado na semana passada, mas sim um problema com a estrutura: há muitos carros convertidos, mas apenas quatro postos para abastecê-los. Isso acabou criando um gargalo, que tende a piorar nos próximos meses se nada for feito.
Essa crise foi debatida na manhã desta quarta-feira (13), em reunião entre representantes da MT Gás, postos de combustíveis e motoristas de aplicativo. É o primeiro passo para traçar um plano de enfrentamento, que precisará de ajuda de todos os envolvidos para sair do papel.
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A questão é que as convertedoras conseguem colocar mais carros para circular com GNV do que a rede de postos consegue atender. Os quatro postos que trabalham com o gás veicular têm apenas uma bomba cada, com dois bicos. Ou seja: a capacidade de atendimento em toda a Região Metropolitana de Cuiabá é de oito carros por vez. Enquanto isso, há quase mil carros movidos a GNV circulando pela capital, segundo dados do Detran-MT. No estado, são mais de 2 mil.
“Estamos analisando uma estrutura que vai dar resultado mais rápido, aumentando o número de bombas de abastecimento. [...] A gente quer pelo menos dobrar essa quantidade de bicos e trabalhar com projetos de médio e longo prazo, que são novos postos. Estamos reunindo com proprietários de postos de combustíveis que têm interesse em colocar o GNV, para que eles possam fazer essa estrutura por conta própria e a distribuidora somente entregar o gás para eles”, explicou o presidente da MT Gás, Rafael Reis.
Para os motoristas, o que importa é uma solução rápida. Kelvin Barros, 29 anos, conta que precisa rodar 12 horas por dia para pagar as contas. Agora, está perdendo cerca de duas a três horas no dia para abastecer seu veículo, o que resulta em uma perda de até R$ 50 por hora.
“A gente abastece duas vezes, então perde muito tempo. Toda vez que vai abastecer tem fila e, dependendo do posto, é enorme. Isso tem que ser resolvido logo”, desabafou.
Só que a solução pode não ser tão fácil assim. A crise global dos chips também afetou a fabricação e entrega de equipamentos para trabalhar com o gás natural. Para se ter uma ideia, um dos postos de combustíveis encomendou equipamentos para ampliar a capacidade de atendimento há mais de 8 meses e só recebeu agora. Além disso, há necessidade de técnicos especializados, que são difíceis de encontrar, para instalar e calibrar os equipamentos de GNV.
Aos jornalistas, Rafael Reis explicou que não é uma tarefa da MT Gás articular diretamente com os postos de combustíveis para aumentar a rede de abastecimento. No entanto, a complexidade e gravidade do problema levaram a estatal a interceder, para evitar mais prejuízos aos motoristas.
“Essas pessoas já estão passando por dificuldade grande e ficar 3, 4 horas numa fila de abastecimento só piora. Então, a gente chamou a responsabilidade agora para a gente, formamos uma comissão junto com os motoristas de aplicativos, que será formada por um advogado da MT Gás e um técnico especializado em GNV, para que a gente possa analisar a estrutura desses postos, conversar com a distribuidora e saber quais são as atitudes que estão sendo tomadas e se essas atitudes terão resultado em longo prazo”, concluiu.
Uma nova reunião foi marcada para a próxima segunda-feira, 18 de outubro. Até lá, é esperado que o grupo já tenha ao menos um planejamento preliminar para ampliar a capacidade de abastecimento.