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Economia Quinta-feira, 14 de Outubro de 2021, 07:00 - A | A

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MUITA DEMANDA

Falta de postos com GNV causa dor de cabeça a motoristas

Alta dos combustíveis fez interesse no GNV disparar, mas a estrutura de abastecimento não acompanhou; fila nos postos chega a durar 2h

Gabriel Soares

Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso

Motoristas profissionais que decidiram aderir ao GNV como combustível estão enfrentando grandes filas para abastecer todos os dias, perdendo até duas horas de trabalho enquanto esperam para encher o tanque. Não é uma questão de falta de gás, como era cogitado na semana passada, mas sim um problema com a estrutura: há muitos carros convertidos, mas apenas quatro postos para abastecê-los. Isso acabou criando um gargalo, que tende a piorar nos próximos meses se nada for feito.

Essa crise foi debatida na manhã desta quarta-feira (13), em reunião entre representantes da MT Gás, postos de combustíveis e motoristas de aplicativo. É o primeiro passo para traçar um plano de enfrentamento, que precisará de ajuda de todos os envolvidos para sair do papel.

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A questão é que as convertedoras conseguem colocar mais carros para circular com GNV do que a rede de postos consegue atender. Os quatro postos que trabalham com o gás veicular têm apenas uma bomba cada, com dois bicos. Ou seja: a capacidade de atendimento em toda a Região Metropolitana de Cuiabá é de oito carros por vez. Enquanto isso, há quase mil carros movidos a GNV circulando pela capital, segundo dados do Detran-MT. No estado, são mais de 2 mil.

“Estamos analisando uma estrutura que vai dar resultado mais rápido, aumentando o número de bombas de abastecimento. [...] A gente quer pelo menos dobrar essa quantidade de bicos e trabalhar com projetos de médio e longo prazo, que são novos postos. Estamos reunindo com proprietários de postos de combustíveis que têm interesse em colocar o GNV, para que eles possam fazer essa estrutura por conta própria e a distribuidora somente entregar o gás para eles”, explicou o presidente da MT Gás, Rafael Reis.

Para os motoristas, o que importa é uma solução rápida. Kelvin Barros, 29 anos, conta que precisa rodar 12 horas por dia para pagar as contas. Agora, está perdendo cerca de duas a três horas no dia para abastecer seu veículo, o que resulta em uma perda de até R$ 50 por hora.

“A gente abastece duas vezes, então perde muito tempo. Toda vez que vai abastecer tem fila e, dependendo do posto, é enorme. Isso tem que ser resolvido logo”, desabafou.

Só que a solução pode não ser tão fácil assim. A crise global dos chips também afetou a fabricação e entrega de equipamentos para trabalhar com o gás natural. Para se ter uma ideia, um dos postos de combustíveis encomendou equipamentos para ampliar a capacidade de atendimento há mais de 8 meses e só recebeu agora. Além disso, há necessidade de técnicos especializados, que são difíceis de encontrar, para instalar e calibrar os equipamentos de GNV.

Aos jornalistas, Rafael Reis explicou que não é uma tarefa da MT Gás articular diretamente com os postos de combustíveis para aumentar a rede de abastecimento. No entanto, a complexidade e gravidade do problema levaram a estatal a interceder, para evitar mais prejuízos aos motoristas.

“Essas pessoas já estão passando por dificuldade grande e ficar 3, 4 horas numa fila de abastecimento só piora. Então, a gente chamou a responsabilidade agora para a gente, formamos uma comissão junto com os motoristas de aplicativos, que será formada por um advogado da MT Gás e um técnico especializado em GNV, para que a gente possa analisar a estrutura desses postos, conversar com a distribuidora e saber quais são as atitudes que estão sendo tomadas e se essas atitudes terão resultado em longo prazo”, concluiu.

Uma nova reunião foi marcada para a próxima segunda-feira, 18 de outubro. Até lá, é esperado que o grupo já tenha ao menos um planejamento preliminar para ampliar a capacidade de abastecimento.

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