Pescadores foram os primeiros a falar, lá pelos idos de 1717, sobre o surgimento da imagem de uma santa negra às margens do Rio Paraíba do Sul. A boa nova veio acompanhada de uma série de milagres, que atribuídos à santa, que passou a ser conhecida como Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Para os fiéis, ela é mais uma das aparições de Maria, mãe de Jesus Cristo, que ajuda a alcançar todo tipo de graças.
Religioso como o povo brasileiro é, não demorou muito para a fé na nova santa se espalhar e tornar uma tradição. Igrejas foram erguidas e uma multidão de fiéis se formou em torno da Nossa Senhora Aparecida, que hoje é homenageada com um dos maiores santuários da América Latina. A tradição ficou ainda mais forte depois que o papa João Paulo II celebrou, no dia 4 de julho de 1980, uma missa solene para mais de 300 mil pessoas no Santuário de Aparecida.
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Mato Grosso também possui diversos fieis que celebram sua fé nesta terça-feira, 12 de outubro — feriado do dia de Nossa Senhora Aparecida. Na capital, há inclusive uma paróquia que leva o mesmo nome da santa, localizada na região do Coxipó, onde congregam 26 comunidades, divididas em quatro setores. Um dos responsáveis pelo local é o vigário Eliseu Aiolfi, que destaca a importância deste dia para todos do catolicismo.
"Acima de tudo é um sinal de devoção de todos os brasileiros. Depois que foi instituído esse feriado nós recordamos mais ainda toda a devoção e compreendemos Maria nessa homenagem como a mãe de Deus, mãe de Jesus, e aquela que aparece junto do povo, exatamente na condição de intercessora", destaca.
Frei Eliseu pontua que as diversas pessoas que acreditam na intercessão feita pela santa, têm jeitos diferentes de expressar a fé. Nessa época, por exemplo, é muito comum romeiros realizarem excursões até o santuário de Aparecida (SP), ou até mesmo programarem grandiosas festas em homenagem à santa. Isso e outros motivos fazem Nossa Senhora se ‘destacar’ entre vários outros veneráveis existentes em todo o país e mundo. Com isso, muito é feito por ela também nestes dias.
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“Nossa senhora tem muitos títulos e muitos nomes (...) o povo tem um grande carinho e uma grande homenagem que expressa a maneira devocional mediante a novenas, a reza dos terços, o modo das missas solenes, a entrega de flores, os momentos de coroação, cânticos marianos. Eu atribuo a tudo isso essa grande devoção, ela esteve e está sempre perto de Jesus e de nós”, exclama.
O sacerdote explica qual a diferença entre a chamada veneração e adoração, que por muitas vezes é criticada por aqueles que não são católicos.
“Uma pessoa que é devota dedica carinho, admiração, veneração. Aquilo que nós podemos atribuir aos santos. É sempre bom saber distinguir que veneração é uma admiração pelo exemplo e pela trajetória que esses [santos] demonstraram ao longo da vida, assim como Nossa Senhora Aparecida. Não se trata de uma adoração e sim uma mediação pedida através dela”, pontua.
Durante a conversa com a reportagem do Estadão Mato Grosso, o frei Eliseu relata que o dia voltado para a santa é considerado essencial para os católicos do Brasil, dia em que todos, na medida do possível, devem expressar sua fé através da santa missa em todos os estados brasileiros.
“A igreja recomenda, no mínimo, participar das missas dominicais e daquelas chamadas festas de preceito. Uma das festas de preceito é o Dia de Nossa Senhora Aparecida. A igreja sempre recomenda, para as pessoas que tiverem as condições, que todos possam participar e se engajar nesse momento”, conclui.
HISTÓRIAS DE DEVOÇÃO
A médica Laís Camila Neves, 33 anos, é devota da santa desde a época da faculdade, quando uma colega lhe presentou com uma imagem de Aparecida e conta que já alcançou graças devido à intercessão da santa. Mãe solo aos 22, quando ainda estava no segundo período do curso de Medicina, ela dependia do transporte público para se locomover com o filho Gabriel, de poucos meses, pela cidade. Isso logo mudou.
“Era muito difícil. Muitas vezes não tinha dinheiro para pagar táxi. Um dia estava chovendo e eu tive que sair com meu filho na chuva, carregando nossas coisas (...) Foi um dia que eu fiquei desolada e pedi para Nossa senhora, que é mãe, como eu, para que me ajudasse a ter condições dignas de criar meu filho. Disse que eu queria um meio de transporte para carregá-lo com conforto e segurança nos lugares por onde a gente fosse”, relata.
Após o clamor, Laís estava andando pela rua com seu irmão quando avistou um carro muito bonito na rua. Na época, não conseguiria comprá-lo, pois era muito caro. Só que um mês depois, sua mãe a chamou para escolherem um carro: haviam sido contempladas em um consórcio.
“Nós fomos a uma feira de veículos e lá estava o carro que tinha gostado. Ela se interessou também e conseguimos comprar. Eu tenho certeza absoluta que foi intercessão de Nossa Senhora, ela atendeu a minha prece”, afirmou Neves.
Quem também atribui uma graça alcançada à intercessão de Nossa Senhora Aparecida é a aposentada Divina Petrucelli, de 75 anos. Ela conta que já rezava para a santa desde a infância, incentivada por sua mãe. De cidade pequena no interior, Divina vem de uma família com muitos irmãos e viu a graça ainda jovem, quando sua irmã foi salva de um afogamento.
“Íamos ao aniversário de uma prima minha, numa fazenda, e tínhamos que atravessar um rio. Uma parte dele era bem rasa, mas a outra era funda. A minha irmã atravessou num cavalo, ele tropeçou e ela caiu dele. Nisso, ela sumiu dentro da água. A minha mãe ajoelhou no chão, ergueu as mãos para o céu e clamou por Nossa Senhora e a minha irmã ficou em pé, dentro da água, sã e salva”, relembra.
Ela conta que, no início de 2020, teve outra experiência de fé que liga a santa. Após seu marido, seu Isnaldo, ser diagnosticado com uma doença que o impediu de andar, ambos pediram que Aparecida intercedesse a Deus para o homem não sofresse tanto com enfermidades. Pouco tempo depois, ele faleceu de covid-19.
“O médico falou que ele não ia mais conseguir andar, ficaria numa cadeira de rodas. Aí ele veio para casa e todos os dias nós assistíamos à Missa, pedíamos para que ele não ficasse numa cama dependendo dos outros. Ele foi levado de nós antes de ficar acamado”, conclui.
Diante disso, dona Divina cita que ensinou filhos e netos a serem devotos da Padroeira do Brasil, assim como Laís Camila, que também passa sua fé para o pequeno Gabriel, hoje com 10 anos. E assim, de uma geração para a outra, a fé em Nossa Senhora Aparecida é renovada.