Dollar R$ 5,40 Euro R$ 6,33
Dollar R$ 5,40 Euro R$ 6,33

Brasil Quarta-feira, 06 de Agosto de 2025, 16:33 - A | A

Quarta-feira, 06 de Agosto de 2025, 16h:33 - A | A

DADOS ALARMANTES

Tarifaço deixa mais de 2 mil toneladas de mel paradas no Brasil

Cenário é crítico para o setor, já que os EUA receberam 80% das exportações do alimento nos últimos anos.

g1

Mais de 2 mil toneladas de mel brasileiro com destino para os EUA estão paradas desde 9 de julho — quando Donald Trump anunciou o tarifaço sobre produtos do Brasil.

As exportações do alimento no mês passado ficaram cerca de 50% abaixo do esperado, segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel).

- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)

- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)

O cenário preocupa produtores e exportadores, já que os EUA são, historicamente, os principais compradores do mel brasileiro. Nos últimos anos, cerca de 80% das vendas do Brasil para o exterior foram para o mercado norte-americano, ainda de acordo com a associação.

Segundo Renato Azevedo, presidente da Abemel, o impacto é ainda maior porque:

a maior parte da produção nacional de mel vem da agricultura familiar, o que compromete a renda de milhares de famílias. Estima-se que o Brasil tenha entre 200 mil e 300 mil apicultores em atividade;

com a queda nas vendas para os EUA, será necessário buscar novos mercados ou redirecionar o produto para o consumo interno.

Enviar o mel que seria exportado para os EUA a outros países não será tarefa fácil neste primeiro momento. Isso porque cada nação ou bloco econômico tem exigências próprias de qualidade, explica Fábia de Mello, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Aumentar o consumo de mel no mercado interno, pelo menos a curto prazo, será um desafio.

“O brasileiro, em geral, só consome mel quando está doente, tratando como um remédio natural”, afirma a pesquisadora.

Saiba mais sobre os impactos do tarifaço no mel a seguir:

Mel orgânico pode ter queda menor nas exportações
 
Com a chegada do tarifaço, agora o foco do setor brasileiro é negociar os preços e manter o relacionamento com os clientes, para evitar uma queda ainda maior no volume de mel exportado.

O mercado americano divide o mel em dois segmentos, de acordo com Renato Azevedo, da Abemel:

“mel para ingrediente”, usado na fabricação de produtos como iogurtes e barras de cereal.
“mel de mesa”, produto que é envasado e vendido diretamente ao consumidor.
 
Nesse segundo segmento, o mel orgânico brasileiro é o preferido das empresas norte-americanas, diz Azevedo. Isso abre espaço para negociação e reduz a chance de que as exportações para os EUA sejam totalmente interrompidas.

O que é mel orgânico: para um mel ser considerado orgânico, ele precisa ser produzido em áreas bem afastadas de plantações que usam agrotóxicos — as colmeias têm que ficar a pelo menos 3 a 4 km dessas lavouras. Além disso, o apicultor precisa passar por uma certificação rigorosa feita por empresas especializadas antes de receber o selo. 

“Por outro lado, no caso do mel convencional (não orgânico), a exportação para os EUA se tornará totalmente inviável, já que a concorrência de países como Argentina, Uruguai e Ucrânia será muito mais competitiva”, completa Azevedo.

Por que remanejar para outros países é difícil
 
O mel é um produto que requer certificação de qualidade para ser exportado. E cada país ou bloco econômico tem regras próprias para isso.

O mel que seria enviado para os EUA não pode ser redirecionado facilmente para a Europa, que é o segundo maior destino do mel brasileiro, segundo Azevedo.

Há cerca de três anos, a União Europeia tornou suas exigências ainda mais rigorosas. Agora, cada apicultor precisa obter a certificação de forma individual.

Isso representa um desafio para o Brasil, já que a maior parte da produção vem de pequenos apicultores, que muitas vezes não têm estrutura técnica ou financeira para atender a essas exigências sozinhos.

“No caso dos EUA, as empresas exportadoras podem criar ‘projetos orgânicos’, cadastrando apicultores e assumindo os custos da certificação. Com a nova legislação europeia, isso não é mais permitido”, destaca o presidente da Abemel. "Por isso, conseguir a certificação orgânica europeia se tornou algo quase inviável para o Brasil."

Leia matéria na íntegra clicando aqui.

search