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Brasil Segunda-feira, 20 de Setembro de 2021, 13:48 - A | A

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INJÚRIA RACIAL

Estudantes são tratados como bandidos por dono de autoescola

Jadilson Campos, Rubenspierre Costa e Gabriel Diniz tiveram suas imagens divulgadas nas redes sociais; OAB no Maranhão está acompanhando o caso na capital.

G1

Três estudantes identificados como Jadilson Campos, Rubenspierre Costa e Gabriel Diniz, que foram fazer uma pesquisa de preço em uma autoescola, foram tratados como bandidos e tiveram suas imagens jogadas na internet pelo empresário que é dono do local em São Luís.

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No vídeo que foi postado nas redes sociais pelo próprio empresário, que não teve a sua identidade revelada, Jadilson é o jovem que aparece de camisa azul, entra e senta em frente à recepcionista da autoescola. Logo em seguida, chegam mais seus dois amigos, Rubenspierre e Gabriel.

Junto com o vídeo, o proprietário do estabelecimento ainda posta uma legenda, onde escreve que "por pouco, não fomos assaltados", afirma que "eles (os jovens) foram com esse propósito". Ele também cita um prejuízo de R$ 6 mil que teve no último assalto, e que "o jeito é cancelar o CPF das almas sebosas". No final, nas entrelinhas, defende o armamento dos comerciantes.

Jadilson Campos diz que entrou no local apenas para pegar informação sobre o orçamento de uma carteira de motorista. “Minha mãe mandou eu ir me informar pra tirar a carteira A e a B. A gente foi vacinar e na volta a gente passou lá. Só para me informar mesmo o preço da carteira. Só isso”, relatou.

O vídeo e a legenda circularam nas redes sociais. Agora, os jovens tratados como assaltantes não conseguem ter paz. “Eu tou me sentindo constrangido por conta desse vídeo que tá circulando e alguém reconhecer nós na rua e querer fazer alguma coisa de mal. Reconhecer nós como bandido”, desabafou, Gabriel Diniz.

As famílias também temem pela integridade física deles. A mãe do estudante Gabriel, Elisângela Soares, afirma que está revoltada com a atitude do empresário. “Não é porque ele é empresário que ele pode fazer isso. Ele não pode fazer isso. Ele não tem poder pra isso. Ele não pode julgar os outros. Quem pode julgar é só Deus. Então como que ele vai julgar meu filho? Julgar os amigos dele? Ele não pode fazer isso”.

Boletins de ocorrência foram registrados apontando uma série de crimes contra a honra e ameaça. A advogada Emília Almeida, que acompanha o caso, afirmou que existem vários crimes a serem apurados. “A gente verifica aqui também o crime de ameaça, o crime contra a honra, que foi a calúnia, a difamação, a injúria racial, embora praticado pela internet”.

A Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB-MA) já tomou conhecimento do caso e pede providências do Ministério Público. Para o presidente da Comissão da Igualdade Racial, Erick Moraes, o racismo está por trás dos outros crimes relacionados à postagem do empresário.

“A partir do momento que as vítimas, três jovens são identificados como ladrões, esse crime de racismo elem cria um manancial, ele cria uma fonte para que vários outros crimes venham a acontecer. Essas pessoas estão ameaçadas de vida, elas têm toda uma preocupação que elas não tinham antes e, principalmente, elas estão com a sua imagem completamente destruídas e a gente precisa trabalhar forte para que haja, também, a reparação criminal, quem sabe com a reclusão dessa pessoa que está sendo acusada, mas também a reparação no lado cível para que a gente possa fazer uma transformação na vida dessas pessoas”, pontuou Erick Moraes.

Procurado, o empresário e dono da autoescola envolvido no caso, ainda não se manifestou sobre o assunto.

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