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Brasil Quarta-feira, 13 de Julho de 2022, 09:50 - A | A

Quarta-feira, 13 de Julho de 2022, 09h:50 - A | A

ABUSO NO PARTO

Anestesista preso no RJ é investigado por estuprar seis mulheres na mesa de parto

Jornal Nacional

O médico anestesista Giovanni Bezerra, flagrado estuprando uma mulher durante o parto, está sendo investigado por violentar outras cinco mães em hospitais da Baixada Fluminense, no Rio.

São poucas lembranças do dia do parto, por causa da sedação, e as dúvidas geram revolta.

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“A gente não entra para o centro cirúrgico acreditando que vai ser abusada.”

Pensar que pode ter sido uma das vítimas do anestesista Giovanni Quintella Bezerra tira o sossego de uma mulher que fazia a segunda cesariana e foi atendida por ele.

“Passa aquele filme na sua cabeça. O que ele fez comigo naquele momento do apagão? O que aconteceu? Será que ele conseguiu, será que ele chegou a conseguir fazer alguma coisa?”

Uma outra paciente foi com o filho bebê à Delegacia da Mulher em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ela também relata que ficou inconsciente o tempo todo e que estranhou a forma com que o médico falava com ela durante o parto.

“Todas as coisas que ele ia perguntar, as perguntas de praxe, se eu estava me sentindo bem, ele sempre falava muito próximo ao meu ouvido. Isso me incomodou bastante, me lembro de ter me incomodado bastante.”

No domingo passado (10), o anestesista Giovanni foi gravado praticando violência sexual contra uma grávida sedada, durante o parto. O flagrante só aconteceu porque enfermeiras, que já vinham desconfiando do comportamento do médico, esconderam um telefone em um armário e conseguiram registrar.

Ao todo, o médico Giovanni Bezerra é investigado por seis estupros. Três, no dia em que foi gravado pela equipe de enfermagem, e o restante em dias diferentes, sempre com mulheres que tinham acabado de ganhar o filho e estavam desacordadas. Os hospitais onde o anestesista trabalhava ainda vão fornecer os prontuários de todas as mulheres que fizeram parto com Giovanni.

Seis profissionais de saúde que trabalhavam com o anestesista prestaram depoimento nesta terça-feira (12), entre eles dois médicos. A polícia quer saber se outros profissionais estranharam o comportamento de Giovanni.

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Uma funcionária relatou que uma mulher que tinha acabado de parir gêmeos estava dopada além do normal e que não conseguiu nem amamentar os bebês.

Um outro profissional disse que Giovanni pedia a saída dos acompanhantes alegando que a paciente apresentava um quadro de náusea e fazia, então, a sedação; que Giovanni dizia que a sala estava fria e usava um "capote cirúrgico" para fazer uma cortina impedindo que a equipe visse a parte superior da paciente; e que depois de colocar essa cortina, sem se intimidar com os membros da equipe, Giovanni ficava muito próximo da cabeça da paciente, em pé a todo momento.

Esse mesmo funcionário relatou ainda que, depois da gravação do vídeo com o flagrante, a equipe de enfermagem se reuniu e decidiu levar a notícia para a direção do hospital. Giovanni então foi informado que atuaria somente auxiliando outro profissional de anestesia na próxima cirurgia.

Ao saber disso, Giovanni foi até a copa onde os funcionários de enfermagem costumam ficar e perguntou se alguma paciente ou a ouvidoria do hospital tinha feito alguma reclamação.

A delegada responsável pelo caso, Bárbara Lomba, disse que, além do estupro de vulnerável, o anestesista pode responder também por violência obstétrica.

“Se comprovarmos que houve reiteradamente sedações desnecessárias ou que em doses excessivas possam ter causado prejuízo à vítima, ou algum risco, pode haver configuração de outros crimes e aí vamos avaliar qual seria o tipo penal”, afirmou.

Nesta segunda-feira (12) à tarde, na audiência de custódia, a Justiça converteu a prisão em flagrante de Giovanni Quintella Bezerra em prisão preventiva. Na decisão, a juíza Rachel Assad da Cunha destacou a brutalidade e crueldade da ação, o que demonstra completo desprezo pela dignidade da mulher, pela ética médica e pelo compromisso profissional.

Giovanni Bezerra ficará preso no pavilhão oito do Complexo de Bangu, para onde são levados presos com ensino superior.

“Graças a Deus, a Justiça foi feita. Ele está preso, mas eu até falo para as mulheres, mesmo que não se lembrem de nada, para ir fazer o reconhecimento porque é importante”, diz uma vítima.

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