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Variedades Terça-feira, 22 de Setembro de 2020, 08:57 - A | A

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MORADORA DE PESO

Elefanta Bambi deixará São Paulo e viajará com destino a santuário em Mato Grosso

Caixa pesa 5,5 toneladas e será colocada sobre um caminhão. Transferência autorizada pela Justiça ao Santuário de Elefantes do Brasil começa nesta terça-feira (22) e deve ser concluída na tarde de quarta-feira (23).

Vinicius Alves | G1 Ribeirão Preto e Franca

A elefanta indiana Bambi, que vive no Bosque e Zoológico Municipal Dr. Fábio Barreto, em Ribeirão Preto (SP), viaja na manhã desta terça-feira (22) ao Santuário de Elefantes do Brasil, na Chapada dos Guimarães (MT), novo lar dela. O animal será levado dentro de um compartimento especial colocado em cima de um caminhão.

O transporte está previsto para começar às 9h e a previsão de conclusão é na tarde de quarta-feira (23), segundo Daniel Moura, diretor do Santuário.

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Ele explica que não é possível afirmar quantas paradas serão feitas ao longo do trajeto de 1.270 quilômetros até o Mato Grosso, mas uma câmera de monitoramento instalada dentro da caixa para analisar o comportamento de Bambi vai auxiliar os veterinários e biólogos durante o percurso.

“A gente tem várias paradas programadas para alimentar e dar água. Ela quem vai ditar o ritmo. Se a gente perceber que ela precisa de mais paradas, a gente para mais. Mas se ela estiver tranquila, a gente segue viagem”, explica Moura.

Mudança de lar
As tentativas para levar Bambi ao Santuário de Elefantes foram iniciadas em 2018. A entidade alegava que o bosque de Ribeirão Preto não tinha estrutura para cuidar da elefanta de 58 anos, cega do olho esquerdo e com problemas na mandíbula. O impasse foi alvo de um inquérito do Ministério Público.

Além disso, o Santuário também questiona os métodos usados no pareamento dela com a elefanta Maison, que vive no mesmo recinto, em Ribeirão Preto, em um espaço de 1,5 mil metros quadrados. A área precisou ser adaptada para a convivência harmônica entre as duas, que só começou a dar sinais positivos em março deste ano, segundo o bosque.

Por meio de uma liminar em agosto, a Justiça autorizou a transferência após uma ação civil pública movida pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal. alegando negligência e maus tratos da Prefeitura, e contra a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado, órgão que deu o parecer favorável à permanência de Bambi no município desde 2014.

Estrutura
Segundo Moura, a caixa onde Bambi vai viajar pesa cinco toneladas e meia e tem cinco metros de comprimento, dois de largura e três de altura.

A estrutura conta com 18 janelas para circulação de ar, é protegida por um telhado que impede a entrada de chuva e sol em excesso e tem um piso que faz escoamento de resíduos líquidos durante a viagem.

A alimentação para ela será dada pela tromba, que pode se encaixar nas portas laterais para o contato com o veterinário.

No comboio até a Chapada dos Guimarães, serão dois motoristas se revezando na condução do caminhão, além de dois carros de apoio com biólogos, veterinários e equipes do Santuário e escolta da Polícia Rodoviária Federal.

Nos carros, os profissionais do Santuário terão uma antena de Wi-Fi que faz a conexão com a câmera de monitoramento dentro da caixa.

Adaptação
Bambi, de 3,7 mil quilos, iniciou o processo de adaptação para a viagem na quinta-feira (17). A estrutura foi instalada no recinto em que ela vive no zoológico de Ribeirão Preto e foi acompanhado pelo diretor do bosque, Alexandre Gouvêa.

“Conforme o plano de transporte que nós tivemos que ler antes de autorizar, foi tudo seguido à risca”, afirma Gouvêa.

O ambiente dentro da caixa foi preparado pelos técnicos do Santuário para que a elefanta não estranhasse a presença de novas pessoas nos cuidados com ela.

Segundo Daniel Moura, diretor do Santuário, o processo consiste na entrada e saída dela do novo ambiente de forma natural, sem a aplicação de sedativos ou outros tipos de medicamentos.

“A aclimatação dela foi feita com alimentação no interior de caixa, desde a hora que o zoo abre até o fim do dia. A gente passa o tempo todo com ela. Ela percebe que quem está dando comida é a equipe técnica do bosque e a nossa equipe também. Como na viagem eles não vão, vão só nós, ela vai perceber que as pessoas que vão alimentar, que vão acompanhar, são as mesas pessoas que estavam com ela no zoológico”, conta Moura.

Saudade
Chegando ao Mato Grosso, Bambi será levada ao centro de medicina veterinária do Santuário e vai ficar em um espaço de três hectares, equivalentes a três campos de futebol, preparado para ela.

Depois de inserida na nova casa, a elefanta poderá se juntar aos outros animais que vivem no Santuário em uma área de 30 hectares, com riacho, lago, árvores e um espaço com lama.

“No início, se as outras elefantas quiserem chegar perto, elas vão chegar por meio de uma grade de proteção. Se a gente perceber que elas estão bem, que a Bambi quer chegar perto delas e se a gente perceber que não tem qualquer tipo de comportamento de tensão, a gente faz a aproximação”, explica o diretor.

De Ribeirão Preto, o diretor do bosque vai acompanhar a nova vida de Bambi por meio de atualizações diárias em um grupo criado com os técnicos do Santuário em um aplicativo de conversas.

Bambi, que viveu no Fábio Barreto por seis anos desde a chegada em 2014, vinda do zoológico de Leme (SP) após passar a vida no Circo Stankowich, vai ficar na lembrança de todos os funcionários, segundo Gouvêa.

“É muita saudade. É um animal emblemático, pela história de vida, como ela chegou. É um animal que a gente conhecia pela vocalização, pela voz já sabia o que queria. Nós sabíamos o que ela gostava de comer, os horários. Pode levar a Bambi, mas a saudade vai ficar para sempre”, relata.

'Bambi, vem pra manada'
No início de setembro, o Santuário lançou uma campanha de arrecadação de fundos para viabilizar a transferência de Bambi ao Mato Grosso.

Segundo o diretor da entidade, a 'Bambi, vem pra manada' conseguiu levantar R$ 150 mil em doações, sendo dois terços desse valor oriundos de ajudas estrangeiras.

O dinheiro vai ser usado para o transporte do animal, além de cuidados veterinários e compra de medicamentos e alimentação por seis meses.

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