Os vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB), alvos da Operação Perfídia, acreditavam que negociar propina pelo WhatsApp seria uma forma segura de comunicação. A informação consta na decisão da juíza Edna Ederli Coutinho, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que autorizou os mandados de busca e apreensão cumpridos pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) nesta terça-feira, 29 de abril.
O conteúdo de mensagens trocadas via aplicativo de celular reforça a tese de que os envolvidos agiam com a confiança de que a tecnologia lhes garantiria discrição.
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“A utilização de aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, para a negociação e o acerto de detalhes do esquema criminoso, demonstra a intenção dos investigados de se valerem de meios de comunicação que consideram seguros e de registros de transições financeiras e comunicações que evidenciem a participação de outros agentes públicos ou privados. A identificação de padrões de comunicação, horários de contato, e a analise de metadados podem revelar conexões e encontros que não seriam descobertos por outros meios de investigação”, diz trecho do documento.
Segundo as investigações, os parlamentares estariam envolvidos em um esquema de corrupção instalado na Câmara Municipal de Cuiabá, apontando que os vereadores teriam exigido vantagem indevida de um funcionário da construtora para viabilizar, via aprovação legislativa, um projeto de lei que parcelou uma dívida do município de Cuiabá com a União. Como o município tinha essa dívida com o governo federal, ele não poderia receber recursos do mesmo. Portanto, estaria sem dinheiro para pagar pelos serviços prestados pela HB20.
Após a aprovação do projeto de lei pela Câmara de Cuiabá, a empresa em questão recebeu R$ 4,85 milhões de reais, maior valor recebido desde o início do contrato. Já o valor desembolsado pela empresa a título de propina, R$ 250 mil, seria distribuído para demais parlamentares para garantir o quórum necessário para aprovação do texto.
A operação deflagrada nesta terça, faz parte de um desdobramento de apurações conduzidas pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR) e cumpriu 27 ordens judiciais, incluindo mandados de busca e apreensão, quebra de sigilo de dados telefônicos e eletrônicos, além de sequestro de bens, valores e imóveis.
As investigações continuam sob sigilo.