Após o setor do agronegócio demonstrar preocupação com os impactos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o ex-deputado federal e vice-presidente do Instituto Pensar Agropecuária, Nilson Leitão, sugeriu que o Senado forme uma comissão para negociar diretamente com o ex-presidente Donald Trump. A declaração foi dada na tarde desta quinta-feira, 10 de julho, durante participação na feira pecuária, Acricorte.
Segundo Leitão, a medida adotada por Trump é fruto do cenário político atual e não deve ser enfrentada com retaliações, como chegou a cogitar o governo federal. “É provocado pela política, e só a política que pode resolver. A consequência e a vítima é o setor produtivo brasileiro, é quem gera renda, gera emprego. É necessário que se tome uma atitude urgente para isso, e a atitude urgente é no diálogo”, afirmou.
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Contrário à ideia de reciprocidade — ou seja, taxar produtos americanos como resposta —, Leitão afirmou que o Brasil, no momento, não tem força política nem estabilidade econômica para sustentar um embate comercial com os Estados Unidos. “Quando dois não querem, dois não brigam [...] o Brasil não fez o papel de casa. O Brasil não tá com as suas contas equilibradas. O Brasil tem uma crise econômica. O Brasil tem uma crise política. Então, ele não tá em condições. Ele tem que se organizar primeiro dentro de casa”.
Para ele, a melhor saída seria uma mobilização institucional envolvendo o Senado, especialmente senadores com capacidade de articulação internacional, para construir uma ponte com o governo americano. “A minha sugestão é que o Senado Federal faça uma comissão de senadores que tenham diálogo com o Governo americano e possa ir até os Estados Unidos e conversar com o presidente para tentar demover isso dele”.
Leitão também destacou que o Brasil exporta fortemente para os Estados Unidos, sobretudo produtos industrializados, como carne processada e suco de laranja, e que medidas como a anunciada por Trump podem desestabilizar esse fluxo.
Ao ser questionado sobre quem seria o “pai” dessa crise, ele evitou apontar um culpado direto, mas reforçou que o conflito é político. “A política é o pai do problema. Trump tem um lado político, ele é de direita [...] e o governo brasileiro é de esquerda, que não tem relacionamento tão bom político ou relacionamento nenhum político o governo americano. Então, primeiro o governo brasileiro tem que fazer o seu papel de ter esse relacionamento”, concluiu.
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