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Política Quarta-feira, 30 de Novembro de 2022, 11:56 - A | A

Quarta-feira, 30 de Novembro de 2022, 11h:56 - A | A

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Aposentados se endividam e fazem até vaquinha para pagar contas e comprar remédios

Servidores inativos fizeram manifestação em frente à Assembleia nesta quarta, 30, para cobrar aprovação da PEC dos Aposentados

Rafael Machado

Repórter | Estadão Mato Grosso

Felipe Leonel

Repórter | Estadão Mato Grosso

A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde do Estado de Mato Grosso (Sisma-MT), Carmem Machado, cobrou que o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (União Brasil), coloque a PEC dos Aposentados em votação após o governo não apresentar uma solução para a categoria, que reclama da alíquota previdenciária de 14%, tratada como 'confisco nos salários'.

Os aposentados e pensionistas realizaram, na manhã desta quarta (30), uma manifestação em frente ao Parlamento estadual para cobrar providências, pois muitos aposentados estão com dificuldade em arcar com despesas básicas do dia a dia, já que estão sem receber parte da RGA e tiveram seus rendimentos reduzidos ainda mais pela inflação.

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Botelho havia dado prazo até esta quarta, 30, para o governo apresentar um texto alternativo à PEC dos Aposentados. O objetivo é evitar que haja uma batalha jurídica contestando a iniciativa do projeto. Porém, o governador afirmou na terça, 29, que não irá apresentar uma contraproposta devido à situação financeira do Estado, pois prevê queda de arrecadação em 2023.

“Acreditamos que o presidente da Assembleia, deputado Eduardo Botelho, irá cumprir sua palavra já dita em inúmeros meios de comunicação, inclusive para as comissões, que se o governo não enviasse a mensagem tratando desse assunto, ele iria colocar a PEC em votação”, disse Carmem, em entrevista o Estadão Mato Grosso, na frente da ALMT.

“Nós temos a expectativa de que essa PEC seja realmente votada hoje e que a Justiça seja feita para com os aposentados e pensionistas” completou. Ela ainda disse que os deputados estão representando o povo no Parlamento e que eles irão fazer Justiça com a categoria, pois esse foi um compromisso firmado pelos parlamentares.

Durante a manifestação, os servidores apresentaram os holerites, mostrando os descontos que têm sofrido por conta da contribuição previdenciária e também dos empréstimos consignados.

Os servidores reclamam que além de estar com a RGA atrasada, vivendo em meio a inflação alta, foram surpreendidos com o confisco de 3% dos seus recebimentos. Uma combinação de fatores que levou muitos ao desespero, chegando a se endividar com empréstimos consignados, provocando até mesmo problemas com a sua saúde mental.

“O resultado do confisco nada mais é que um grande endividamento”, afirma Carmem.

“Um servidor que trabalhou 35 anos na Secretaria de Saúde, com salário de R$ 11,3 mil acaba por receber R$ 3,6 mil. Isso é o cúmulo do absurdo. Se a gente verificar a contribuição da previdência, mais o imposto de renda de 27,5%, não é possível realmente a gente concordar com esse confisco”, completa.

Carmem relatou que alguns servidores precisam recorrer a colegas e fazer ‘vaquinhas’ para conseguir pagar as próprias dívidas, pois não estão conseguindo arcar com planos de saúde, que também subiram nos últimos meses. Como muitos já são idosos, precisam fazer uso de medicamentos que também são caros.

A servidora aposentada Sirlene Maria Alves, por exemplo, reclama que o poder de compra diminuiu com a pandemia e a guerra no Leste Europeu. Ao mesmo tempo que sua renda diminuiu em razão a inflação, o desconto previdenciário complicou ainda mais sua situação.

“Estou no grupo de aposentados, todos reclamam. Porque a gente, igual eu te falei, temos as despesas todas ‘controladinhas’, tirou que seja meio 0,5% você desequilibra, você corre pro consignado e com o consignado você começa a ter problemas de saúde mental”, alerta.

A aposentada afirma que muitos estão perdendo a qualidade de vida e abrindo mão daquilo que sonhavam para a velhice, após décadas de trabalho.

“A gente que trabalhou a vida toda e vamos contribuir com a previdência um pouco a mais, para um Estado pujante que é o nosso, um Estado que está sempre em superávit [...] E aí vem e faz esse corte de 3%. Na minha vida, hoje, pode olhar na minha folha, tenho consignado para suprir, todo ano eu tenho que fazer um reajuste de consignado para cobrir”, afirma.

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