Diversos bandidos, membros de uma facção criminosa denominada de “Tropa do Castelar”, foram alvos da Operação Yang, deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) nesta quinta-feira, 03 de julho. Grande maioria dos alvos já estava presa e seus membros, no passado, integraram as fileiras do Comando Vermelho e, se aproveitando de perdas no “poder” da facção, se uniram e formaram um grupo aliado do Primeiro Comando da Capital (PCC), enfrentando o Comando Vermelho na guerra pelo domínio da criminalidade no estado. As informações são da Polícia Judiciária Civil (PJC).
Contudo, a facção não conseguiu ir muito longe na disputa pelo poder, pois não possuía dinheiro para financiar sua guerra contra o Comando Vermelho. Conforme o delegado Gustavo Belão, da GCCO, em entrevista concedida à imprensa na manhã desta quinta-feira, as ações da GCCO têm como objetivo descapitalizar as facções, porém nenhum valor foi apreendido durante a ação da Operação Yang, apontando que a facção estaria “falida”.
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“Nesse caso, não houve a identificação de lavagem de dinheiro justamente porque a facção tentou iniciar o domínio de território, mas falhou e não dispunha de capital financeiro em Mato Grosso”, afirmou o delegado.
Em Mato Grosso, foram cerca 11 alvos, sendo apenas um que estava solto e que foi preso em casa.
Conforme o delegado Antenor Pimentel, da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco), a Tropa do Castelar se formou com faccionados que não concordavam com decisões tomadas pelo Comando Vermelho, ou que foram alvos de “decretos”, deixando-os sem muita opção a não ser fugir do estado ou construir uma unidade poderosa o suficiente para não morrer pelas mãos do Comando Vermelho.
“Dentro dessa facção (CV) existem dissidências, existem conflitos, existem injustiças. Então, alguns exemplos dentro dessa investigação temos tia de faccionado que foi decretada, teve famílias, esposas que foram decretadas injustamente. Então teve uma revolta e aqueles que foram expulsos, decretados, ou seja o tribunal do crime pega o próprio membro dele e decreta a morte, geralmente por cabritagem (tráfico sem autorização), ou algum tipo de falta e essa pessoa que era expulsa e decretada ela tinha duas opções, ou ela foge do estado ou se ela permanece aqui e se fortalece de alguma forma. É o que eles fazem, eles montam as facções dissidentes e que em algum momento eles foram abraçados pela facção paulista (PCC).”, explicou o delegado.
Antenor ainda relatou que o trabalho feito hoje na operação Yang é só um complemento da ação realizada pela Polícia Civil de Sorriso, há alguns anos que limou boa parte do poder do crime organizado no município.
Uma dessas ações, foram as três fases da Operação Recovery, em 2023 e considerada a maior operação da história de Sorriso contra a facção.
À época, foram cumpridos na operação, 123 mandados de busca e apreensão domiciliar, 56 de prisão preventiva, seis de apreensão de menores e 10 ordens de sequestros de bens contra lideranças e integrantes de uma facção criminosa instalada em Sorriso e região.
Os mandados foram cumpridos em sete municípios de Mato Grosso, Sorriso, Ipiranga do Norte, Itanhangá, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Cuiabá, Várzea Grande e nas cidades do Rio de Janeiro e Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro.
Para cumprimento dos mandados na megaoperação, foram empregados mais 500 policiais civis, entre equipes das Diretorias do Interior, Metropolitana e de Atividades Especiais da Polícia Civil e do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) de Sorriso.
Recovery – Fases 1 e 2
A primeira fase da operação, deflagrada em março de 2023, mirou os integrantes da associação criminosa formada por traficantes em Sorriso e cumpriu 94 mandados judiciais. Foi efetuado ainda o sequestro de veículos ligados ao principal traficante do grupo e o bloqueio de valores em até R$ 1 milhão de integrantes da associação criminosa.
Em abril daquele ano, a Polícia Civil concluiu o inquérito da primeira fase e indiciou 42 criminosos por tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.
A segunda fase da Operação Recovery foi deflagrada no mês de março para cumprimento de sete ordens judiciais de prisão e de buscas contra envolvidos em homicídios no município. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Ipiranga do Norte (MT), Macaé e Rio de Janeiro (RJ).
Entre os alvos, estava um dos líderes da facção criminosa, que responde a ações penais por crimes como tráfico de drogas, roubos, homicídios, organização criminosa e uso de documento falso, tendo seis condenações apenas na Justiça fluminense por roubo. Além de ações na Justiça de Mato Grosso, ele responde a ações em varas da Justiça Estadual e Federal no Rio de Janeiro por homicídio, roubo majorado e tráfico.