Nos últimos anos, assistimos a um movimento preocupante que ameaça a competitividade e a sobrevivência da indústria nacional: a saída de grandes fabricantes estrangeiros do Brasil, atraídos por incentivos do governo americano e de países europeus.
Essas empresas multinacionais encerraram suas operações ou transferiram suas fábricas para seus países de origem, após receberem garantias de que teriam, em seus mercados locais, vendas equivalentes às que realizavam no Brasil, além da liberdade para exportar.
- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)
- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)
Enquanto isso, indústrias nacionais que permaneceram no país, cumprindo rigorosamente todas as exigências internacionais de qualidade, tanto as normas americanas quanto as europeias, enfrentam enormes barreiras para vender para grandes companhias estatais.
Os produtos que fabricamos e vendemos por cerca de R$ 400 chegam ao mercado brasileiro, quando importados por fornecedores estrangeiros, a até R$ 2.000. Mesmo considerando todos os custos adicionais, como impostos e frete, a diferença de preço é muito significativa.
Mesmo assim, grandes companhias nacionais e estatais simplesmente deixaram de comprar de nós, fabricantes brasileiros, optando por importados que custam até cinco vezes mais, sem justificativa técnica plausível.
Muitas dessas decisões de compra passaram a ser centralizadas em diretorias e, em alguns casos, parecem atender a interesses que vão além de critérios técnicos e econômicos. É legítimo questionar: a quem interessa pagar mais caro, com recursos públicos, por produtos que podem ser fabricados localmente com igual qualidade e muito mais eficiência no Brasil?
É hora de o Brasil acodar suas políticas de compras e de incentivo à indústria nacional.
Valorizar a produção nacional não é protecionismo. É uma estratégia econômica e social que garante empregos, arrecadação de impostos e preserva a engenharia e o know-how que o Brasil levou décadas para desenvolver. Cada produto produzido aqui significa renda para famílias brasileiras e desenvolvimento para nossa indústria.
É urgente que o governo brasileiro, especialmente por meio de suas estatais e políticas de compras públicas, estabeleça critérios claros que priorizem fornecedores nacionais com certificações internacionais, garantindo condições competitivas e transparentes. Só assim conseguiremos evitar que empregos continuem sendo exportados e que o Brasil se torne refém de importações a preços abusivos, enquanto nossa indústria, mesmo qualificada, luta para sobreviver. Precisamos do nosso patriotismo.
*J.A.Puppio é engenheiro, empresário e autor do livro “Impossível é o que não se tentou”