Enquanto o presidente Jair Bolsonaro evita de todas as formas se imbuir do papel de líder nacional, os governadores dos Estados se mobilizam para ocupar o vácuo deixado por sua administração. Volta a acontecer na COP-26, a Cúpula do Clima que reuniu os mais importantes líderes mundiais para debater as ações que serão tomadas em conjunto contra a crise climática que já assola o planeta.
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Em uma demonstração de união, os governadores lançaram nesta quinta-feira (4) o ‘Consórcio Brasil Verde’, um movimento dos Estados para captar recursos internacionais que ajudem na preservação da Amazônia. O ato também passa uma mensagem clara aos demais países: os Estados querem se descolar da péssima imagem que Bolsonaro pintou sobre a política ambiental brasileira.
Já Bolsonaro se esquivou da Cúpula Mundial e resolveu limitar sua viagem à Itália, onde deveria participar do encontro do G-20, grupo formado pelas 20 maiores economias do planeta. Digo deveria pois, como é fato público e notório, a passagem do brasileiro pelo G-20 se limitou a tentar encontrar alguém com quem conversasse. Isolado, tentou fazer amizade com o presidente russo Vladimir Putin e o turco Recep Erdogan. Nenhum sucesso nessas interações com pessoas que não podem ser consideradas referência de liderança.
Mas enquanto Bolsonaro se esquivava de suas obrigações como líder de uma nação que sempre foi referência no debate ambiental - e que depende disso para manter sua balança comercial no positivo, com as exportações do agro -, houve quem tomasse as rédeas da situação para garantir que o Brasil não saísse prejudicado da COP-26. “A ausência do governo federal gera para nós necessidade de mais mobilização da sociedade civil e dos governos subnacionais”, deixou claro Eduardo Leite (PSDB), durante sua passagem na COP-26.
Sem o presidente, os governadores firmaram compromissos de que irão buscar a neutralidade de carbono, na tentativa de limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC em comparação com o período pré-industrial. Neste quesito, destaca-se a meta arrojada estabelecida pelo governo de Mato Grosso, que pretende atingir o ponto de neutralidade das emissões de carbono com 15 anos de antecedência. Enquanto a meta global é de neutralizar as emissões até 2050, Mato Grosso pretende fazê-lo em 2035.
Essas conversas e acordos firmados entre representantes de países são essenciais para garantir um relacionamento entre as nações, sejam elas aliadas ou não. A ausência do presidente em um evento tão importante só agrava o isolamento do Brasil no cenário mundial, o que já está causando prejuízos ao País. Exemplo claro é a continuidade dos embargos chineses à carne brasileira, que não são resolvidos porque Bolsonaro não tem uma linha direta com o presidente chinês, Xi Jinping. Sem moral, o presidente precisa aguardar que seus assessores e alguns representantes do Congresso Nacional resolvam o problema, o que também não conseguiram fazer.
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Há uma regra não escrita na natureza humana, que afirma que o poder não comporta vácuo. Na ausência de quem possa exercer o poder, o vazio será preenchido por outro agente mais capacitado e perspicaz. Já vimos isso acontecer na pandemia, durante o ano de 2020, e estamos a observar um movimento ainda mais forte agora. O problema é que tamanho vácuo só traz prejuízos às famílias brasileiras, já tão acossadas pelas sucessivas crises que nos assolam sem piedade.