Após meses de sinais desanimadores para o orçamento das famílias, enfim surge uma perspectiva de alento. Economistas de mercado apontam para uma desaceleração das constantes altas no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, durante este mês de dezembro. Com isso, a perspectiva de inflação para o ano caiu de 10,18% para 10,05%. Essa é a primeira redução depois de 35 semanas consecutivas de alta.
A melhora não é tão grande a ponto de causar uma revisão da inflação prevista para 2022, que se manteve ligeiramente acima do teto da meta, em 5,02%. Também não deve ser suficiente para trazer um alívio real aos trabalhadores, já que essa ligeira retração se dá em cima de um patamar já bastante elevado. Ainda assim, é um sinal positivo, que pode – ou não – representar o tão esperado ponto de inflexão da inflação, quando voltaremos a ver uma estabilização dos preços.
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Chegar a esse ponto custou um grande preço à economia brasileira. Além dos ‘preços de aeroportos’ nas prateleiras de supermercados, o país retornou aos tempos de juros altos, que são um entrave para a expansão da atividade econômica. Juros elevados aumentam o preço do investimento, o que faz muitos empresários adiarem os planos que tinham à espera de momentos mais favoráveis.
As instituições financeiras consultadas pelo BC reduziram a projeção para o crescimento da economia brasileira este ano de 4,71% para 4,65%. Para 2022, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - é de crescimento de 0,50%. Na semana passada, a estimativa de expansão era de 0,51%. Em 2023 e 2024, o mercado financeiro projeta expansão do PIB de 1,90% e 2%, respectivamente.
Além disso, a alta inflação custa caro para o comércio varejista em geral. Não à toa, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para baixo suas expectativas para o período do Natal. A entidade prevê um crescimento de 9,8% no volume total de vendas, mas a inflação ‘comerá’ a maior parte disso. Quando descontada a inflação, a estimativa é de retração de 2,6% na comparação com o Natal de 2020 - um dos piores dos últimos anos.
Com tantas incertezas na reta final do ano, 2022 já começa sob o signo da dúvida. É ainda mais incerto pelo fato de ser um ano eleitoral, em que as paixões e ódios dos brasileiros estarão novamente divididas em dois frontes opostos, uma receita que já percebemos ser péssima para os resultados econômicos.