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Opinião Sexta-feira, 13 de Maio de 2022, 09:53 - A | A

Sexta-feira, 13 de Maio de 2022, 09h:53 - A | A

FELIPE LEONEL

"Matar o que tá me matando”

Felipe Leonel*

O título desse artigo, um ditado popular muito utilizado, jamais teve contornos tão preocupantes. É usado pelos brasileiros quando estão prestes a irem almoçar, jantar, beber água, enfim... uma refeição. A fome sempre foi uma assombração no mundo, mas diante da disparada dos preços dos alimentos, esse fantasma atormenta pais e mães de famílias, especialmente aqueles com menor poder aquisitivo.

Levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF/MT) no início do mês de maio mostra que a cesta básica, o conjunto de itens para alimentar uma família de até quatro pessoas, está em torno de R$ 715. Apenas a título de comparação, isso representa quase 60% do salário mínimo, de R$ 1.212. É inimaginável a possibilidade de uma família sobreviver com esse recurso, com os preços de alimentos e demais serviços/produtos tão caros.

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E não estou aqui a defender a política do salário mínimo, isso é assunto para outra conversa. Também não estou defendendo intervenção estatal nos preços de mercado.

Por vezes, penso que isso nem deveria ser tema de um artigo, afinal, é uma tremenda obviedade. Mas, trabalho de jornalista também é mostrar obviedades da sociedade. Não pretendo me estender em assuntos sobre guerra no Leste Europeu ou pandemia, mas em seus efeitos devastadores para as populações dos países mais pobres do mundo. Você já parou para pensar em quantas pessoas vão morrer de fome ou por consequências dela?

Mas, qual seria a solução? Quem tem a resposta? Quem tem poder de decisão? Os atores desse processo precisam colocar a mão na consciência e deixar de “olhar para o próprio umbigo”. Talvez, se os políticos fossem mais preparados e encarassem o problema de frente, enxergariam a situação por outro prisma. Sem generalizar, pois há boas pessoas nesse meio, a maioria só pensa em uma coisa: eleição.

Pior que só pensar em eleição, é trabalhar para atrasar o Brasil. Atacam quem produz, quem emprega e quem pensa diferente. É lógico, há empresários inescrupulosos, mas eles são a exceção, não a regra. O empresário, empreendedor ou produtor não é o problema. É a solução. O problema é a política do atraso, que visa o poder pelo poder e não faz nada para resolver o problema que se propôs solucionar.

 

* Felipe Leonel é repórter de economia no Estadão Mato Grosso.  E-mail: [email protected]

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