Recentemente, em um grupo restrito de estrategistas e marqueteiros políticos — gente que molda eleições e reescreve narrativas com um café na mão —, assisti a um vídeo sobre a Janela de Overton. Foi a primeira vez que vi esse conceito sendo levado a sério naquele tipo de ambiente. E não como teoria de livro didático, mas como ferramenta prática que vemos ser usadas. como Instrumento de trabalho. Confesso: aquilo me chamou a atenção. E foi exatamente por isso que resolvi escrever sobre o tema.
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A Janela de Overton descreve o processo pelo qual uma ideia inaceitável se torna aceitável — e, com o tempo, inevitável. Começa como absurdo, depois vira “discussão legítima”, logo aparece em um talk show, vira tendência nas redes e... pronto, está na lei. Não é magia, é método. A sociedade não muda por acaso. Ela é conduzida.
E se antes isso levava anos, hoje, com as redes sociais, leva semanas. Os algoritmos cuidam para que você veja apenas o que confirma suas crenças e bloqueie o que as ameaça. Você acha que está pensando livremente, mas está apenas repetindo — com mais confiança — aquilo que lhe foi cuidadosamente servido em formato de vídeo curto, meme ou frase de efeito. A manipulação vem disfarçada de entretenimento. E a maioria chama isso de “formar opinião”.
As redes sociais não são mais praças de debate; são campos de adestramento emocional. Quem discorda é cancelado, quem questiona é rotulado, quem pensa — de verdade — cansa. Tudo é rápido e “engajador”. Afinal, quem precisa de lógica quando se tem likes?
Foi esse ambiente, sedutor e tóxico, que me levou a escrever A Delicada (ou não) Arte da Desconstrução Política. O livro é um mergulho nas engrenagens invisíveis que moldam o que você apoia, odeia ou nem sabe por que acredita. Falo sobre linguagem, simbolismo, cultura e as narrativas que destroem estruturas em nome de causas que, muitas vezes, não entendemos — mas repetimos.
Não escrevi para agradar. Escrevi porque, se não entendermos as ferramentas que nos moldam, seremos moldados por elas — sorrindo, compartilhando e jurando que somos livres.
O lançamento é em breve. Mas o convite já está feito: reconquiste o pensamento. Antes que ele vire só mais um produto da sua bolha.
*Marcelo Senise é presidente do IRIA - Instituto Brasileiro para a Regulamentação da Inteligência Artificial, Sócio Fundador da Social Play e CEO da CONECT I.A, Sociólogo e Marqueteiro, atua há 36 anos na área política e eleitoral, especialista em comportamento humano, e em informação e contrainformação, precursor do sistema de análise em sistemas emergentes e Inteligência Artificial. Twitter: @SeniseBSB / Instagram: @marcelosenise