Quem depende de ônibus para se deslocar nas cidades tem sentido o peso do custo das passagens no orçamento. Mesmo sem aumento de tarifas, o valor gasto com transporte público coletivo ficou mais caro por influência da inflação, em especial dos combustíveis. A curto prazo, a previsão é que as condições piorem para os usuários.
Com o recente anúncio de alta de combustíveis feito pela Petrobras na última semana, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) afirmou que o atual preço do diesel mostra que governo federal “quer ônibus lotado e serviço ruim”, em referência ao reajuste de quase 9% do diesel vendido às distribuidoras.
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A entidade culpa o governo federal de omissão ao não agir contra os sucessivos reajustes do óleo diesel. Na reclamação, o representante do setor afirma que, para as empresas do transporte público coletivo, o custo do combustível representa em média 26,6% do total. Isso “está forçando a insolvência das empresas operadoras e o colapso dos sistemas de transporte público organizado em todo o país”, alerta a NTU.
O problema, por enquanto, aflige os donos das empresas, mas em breve poderá ser repassado aos usuários. “Com o aumento acumulado de 65% do combustível somente este ano, as empresas operadoras não terão outra opção além de acionar as cláusulas de reajuste tarifário e reequilíbrio dos contratos de concessão para evitar a suspensão da prestação dos serviços”, pontua a associação.
Para as famílias mais vulneráveis, o gasto com deslocamento compromete a renda e até dificulta a busca por emprego. Entre os mais pobres, o comprometimento da renda reflete ao menos dois graves problemas: na relação entre mobilidade urbana e exclusão social.
“O alto custo do transporte na renda domiciliar limita a quantidade de viagens e as opções de mobilidade urbana das pessoas de baixa renda, o que reduz a sua acessibilidade a oportunidades de emprego e serviços essenciais e agrava problemas de exclusão social”, diz estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea).
Para ilustrar o drama de quem não tem dinheiro para usar o transporte coletivo, o Ipea cita uma pesquisa realizada na região metropolitana de São Paulo. Conforme os dados da “Pesquisa Origem-Destino de 2017”, cerca de 16% de todas as viagens feitas para buscar emprego foram feitas a pé ou de bicicleta.
“Dessas, praticamente metade (46%) foram feitas por transporte ativo por motivo de restrição financeira, o que dá uma ideia mais concreta de como os custos de transporte limitam o leque de oportunidades acessíveis a pessoas de mais baixa renda”, destaca o Ipea.
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Em janeiro deste ano, o governo de Mato Grosso reajustou a tarifa de ônibus intermunicipal entre Cuiabá e Várzea Grande passou de R$ 3,75 para R$ 4,10. Em setembro, houve reajuste também no custo de passagem entre Cuiabá e Santo Antônio do Leverger que passou de R$ 5,95 para R$ 7,75.