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Economia Quinta-feira, 09 de Janeiro de 2025, 23:00 - A | A

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VALE-PEDÁGIO

Resolução da ANTT pode causar apagão logístico durante a maior safra da história

Curto prazo para adequação à nova regra, sem uma transição, gerou corrida pelas tags eletrônicas, resultando em sua escassez no mercado

Assessoria

Lideranças do setor de transporte alertam para os riscos de um colapso logístico devido à implementação acelerada do novo modelo de pagamento do Vale-Pedágio Obrigatório, determinado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A Resolução nº 6.024, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025, restringe o pagamento exclusivamente ao uso de tags eletrônicas, descartando métodos como cartões físicos, cupons e até transferências via Pix.

A transição ocorre em um momento crítico, com o Brasil prestes a colher a maior safra de soja de sua história — estimada pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) em 168,7 milhões de toneladas, um aumento de 9,4% em relação à safra anterior.

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O curto prazo para adequação à nova regra, sem uma regra de transição, gerou uma corrida pelas tags eletrônicas, resultando em sua escassez no mercado. Transportadoras e caminhoneiros autônomos (TACs) enfrentam dificuldades adicionais devido a restrições de crédito impostas por fornecedores das tags, tornando a aquisição ainda mais complexa.

"Operadoras não estão conseguindo atender à demanda concentrada, e o sistema de emissão de vales já sofreu instabilidade nesta semana. Isso compromete diretamente o escoamento da safra e aumenta os custos operacionais", relata Carley Welter, Diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores de Cargas do Brasil (ANATC).

Além disso, a regulamentação prevê que cartões e cupons emitidos até 31 de dezembro de 2024 tenham validade de apenas 30 dias, ampliando a pressão sobre o setor no início de 2025.

Empresários e lideranças do setor criticam a decisão da ANTT de implementar a mudança em um período de alta demanda logística. "A escolha de janeiro, em pleno escoamento da safra, é desastrosa. Muitos transportadores ainda não conseguiram se adaptar, o que compromete a fluidez das operações e gera insegurança jurídica", avalia Welter.

A ANATC já havia solicitado à ANTT um prazo de transição para evitar o colapso, mas o pedido foi indeferido. "Sem tempo suficiente para adaptação, milhares de caminhoneiros e embarcadores estão sem alternativas, enfrentando gargalos logísticos que podem resultar em multas de R$ 3.000,00 por veículo a cada viagem", pontua o diretor-executivo.

Se o cenário não for revertido, os impactos podem ser severos. A combinação de multas, atrasos no escoamento e aumento nos custos dos fretes ameaça reduzir a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional, justamente quando o país atinge recordes históricos de produção.

As lideranças do setor enfatizam que a transição abrupta e sem redundâncias coloca em risco não apenas as operações de transporte, mas a confiança em políticas públicas de logística. Sem ajustes, o Brasil pode enfrentar um "apagão logístico" com consequências graves para a economia.

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