O Banco Central aumentou a taxa de juros em 7,25% ao longo de 2021, saindo de 2% para 9,25% em dezembro, uma das maiores altas para um período tão curto, avalia o economista Vivaldo Lopes. Essa política de aumento dos juros para conter a inflação deve fazer com que a economia brasileira enfrente uma recessão no primeiro semestre de 2022.
Em Mato Grosso, entretanto, o cenário deve ser mais positivo, com previsão de investimentos em massa feitos pela iniciativa privada e pelo Governo do Estado, que encerrou o ano com um caixa de R$ 5 bilhões.
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“Além de ter esse dinheiro para investir, o governador [Mauro Mendes] vai procurar a reeleição, portanto ele vai investir mais no ano eleitoral. A maior parte das 141 prefeituras também viraram o ano com superavit financeiro porque tiveram alta na arrecadação”, afirma Vivaldo, que também aponta o bom momento do agronegócio mato-grossense.
Segundo ele, o resultado positivo na economia é consequência do aumento de repasses feitos pelo Governo Federal, que aportou recursos nos governos estaduais e municipais para combater à covid-19, as mudanças no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) feitas em 2019, além da reforma administrativa, que garantiu maior equilíbrio fiscal em MT.
“Ninguém previa a covid, mas isso ajudou a aumentar a arrecadação. Enquanto em 2018 o Governo do Estado fechou o ano arrecadando R$ 10 bilhões em ICMS, vai fechar 2021 arrecadando quase R$ 18 bilhões. Isso ajudou muito a equilibrar as contas e deixar dinheiro no caixa para fazer investimentos que ele [governador] está anunciando”, disse.
Além dos investimentos públicos, Vivaldo também cita a extensão da ferrovia de Rondonópolis para Cuiabá, obra que será feita pela empresa Rumo Logística, além das concessões de rodovias, que preveem o aporte de recursos privados. Além disso, há interesse de várias empresas em construir mais malhas ferroviárias, o que aumenta a confiança dos investidores.
PRIMEIRO SEMESTRE
Apesar da política agressiva do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros, a Selic, a população ainda deve conviver com a inflação no primeiro semestre de 2022.
“Não creio que as medidas como aumento da taxa de juros e outras coisas que o BC está tomando vai reduzir a inflação tão rapidamente. A taxa de juros torna o crédito mais caro e inibe as pessoas a consumirem, ocorre que as pessoas não estão consumindo tanto. A nossa inflação é mais de custo das mercadorias do que a inflação por excesso de consumo”, explica.
A inflação citada por Vivaldo é causada, em parte, pela quebra da cadeia de fornecimento de matérias-primas das empresas, já que muitas dessas indústrias ficaram paradas por muito tempo devido a pandemia. Quando a economia começou a retomar, o aumento abrupto do consumo fez esses suprimentos se esgotassem rapidamente, provocando um aumento de custo das empresas.
Essa situação, na avaliação de Vivaldo, só deve ser normalizada no primeiro semestre de 2023, pois vários países já estão voltando com o ‘lockdown’ para conter a nova variante da covid, a ômicron.
“Vai de novo paralisar a cadeias de fornecimento de suprimentos. As cadeias industriais. As cadeias logísticas. E principalmente a movimentação de gente nos aeroportos, os hotéis e tudo mais. Então isso vai, de novo, alongar mais a retomada da normalidade das cadeias de suprimentos. Então, não vejo isso normalizando ao longo de 22”, conta.