Brasil e China firmaram na segunda-feira, 7 de julho, um memorando para estudos de um grande corredor ferroviário bioceânico que conectará os oceanos Atlântico e Pacífico. O acordo envolve o aproveitamento da infraestrutura brasileira já existente - Fiol, Fico e Norte‑Sul - e o recém-inaugurado porto de Chancay, no Peru. Para Mato Grosso, o impacto promete ser transformador no escoamento de grãos e fortalecimento do agronegócio.
O papel de Mato Grosso será central. A cidade de Lucas do Rio Verde será o ponto final da Fico e o início da Ferrovia Bioceânica. A rota seguirá pela fronteira do estado com a Bolívia, atravessando Rondônia e o sul do Acre até alcançar o litoral peruano. A perspectiva é impulsionar o escoamento da produção agrícola mato-grossense diretamente para o mercado asiático, sem a necessidade de rotas portuárias pelo Sudeste. Isso permitirá redução de custos e de tempo de viagem para as mercadorias com destino à Ásia.
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Segundo o governo federal, a iniciativa faz parte do projeto Rotas de Integração Sul-Americana, lançado em 2023 e vinculado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O objetivo é conectar rodovias, ferrovias e hidrovias em regiões de fronteira com países vizinhos, promovendo integração continental e ampliando a competitividade logística do país.
“Reafirmamos nosso compromisso com o desenvolvimento de uma infraestrutura de transporte sustentável e resiliente, reconhecendo seu papel crítico no crescimento econômico, na conectividade e na sustentabilidade ambiental”, diz o documento.
Com obras já em andamento, a Fico alcançou 35,65% de conclusão em abril de 2025, totalizando 240 km de frentes de trabalho e investimentos superiores a R$ 10 bilhões sob modelo PPP da Vale em parceria com a ANTT. Serão 363 km ligando Mara Rosa (GO) a Água Boa (MT), beneficiando diretamente onze municípios da região e reduzindo o tráfego rodoviário. A previsão é de que a Fico entre em operação até 2028 em Água Boa.
CÚPULA DOS BRICS
A Ferrovia Bioceânica também foi tema central na declaração final da reunião do Brics, realizada no domingo (6) no Rio de Janeiro. Os países-membros se comprometeram a ampliar o diálogo e os investimentos em infraestrutura de transportes, destacando seu papel no crescimento sustentável e na conectividade entre os países em desenvolvimento.
Se concretizada, a ferrovia interoceânica colocará Mato Grosso como eixo logístico da integração entre o Atlântico e o Pacífico, aproximando a produção brasileira dos mercados asiáticos com mais rapidez, menor custo e menos impacto ambiental.
Para o agronegócio de Mato Grosso, a ferrovia representa redução de custos logísticos, menos impacto no transporte rodoviário, maior competitividade e diminuição de emissões. “Iniciativa estratégica em infraestrutura, desenvolvimento regional e sustentabilidade ambiental”, reforçam autoridades estaduais e federais envolvidas.
Em suma, com avanço da Fico e futuro corredor bioceânico, Mato Grosso se consolida como hub logístico sul-americano, integrando produção agrária à conexão global em rota de transformação econômica sustentável.