Não são apenas os motoristas que estão ‘na bronca’ por causa do gás natural veicular (GNV). Dono de uma empresa que faz a conversão de veículos e de um posto de combustíveis, o empresário Nilson Teixeira reclama que a MT Gás aumento u o preço sem avisar aos empresários e culpa a autarquia pela falta de infraestrutura para abastecimento.
O aumento praticado pela MT Gás foi de 13 centavos. Os 17 centavos restantes foram acrescidos pelos empresários, devido ao investimento que precisaram na estrutura dos postos, para atender à crescente demanda por GNV. O empresário justifica que esse valor busca fazer frente aos investimentos que buscam reduzir as filas de abastecimentos, como a instalação de novos 'dispensers' (bombas). Além disso, Nilson precisou aumentar a quantidade de funcionários para atender os clientes 24 horas.
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"Eu fechava meu posto às 20 horas. Com o abastecimento de gás, houve a necessidade de dobrar o quadro de funcionários, e também para transformar o posto em 24 horas. Isso demandou um alto custo. Eu estou investindo no meu posto, em um transformador ligado recentemente, que custou R$ 50 mil para eu ligar mais uma bomba", explicou o empresário.
Na avaliação de Nilson, os motoristas não estariam reclamando do preço se não fosse as extensas filas para abastecimento, já que o valor cobrado pelo metro cúbico (m³) do GNV em Mato Grosso é muito mais barato que em outras cidades brasileiras. Em Rio Bonito (RJ), por exemplo, o preço do GNV chega a R$ 5,19. "Com esse aumento, o produto está em R$ 3,19. Em lugar nenhum do Brasil este produto está abaixo de R$ 4", resume.
Gilberto Leite | Estadão Mato Grosso
Empresário Nilson Teixeira é dono de uma convertedora de veículos e de um posto de combustível
O empresário também culpa a ingerência da MT Gás pela falta de infraestrutura para abastecimento. Isso porque, em vez de investir para estabilizar a oferta de gás em Cuiabá e Várzea Grande, a empresa está tentando implantar um 'corredor verde' nas rodovias.
Segundo Nilson, o 'corredor verde' é inviável no Brasil, já que nenhuma empresa converte veículos pesados para GNV em razão do risco de estragar peças. Além disso, a distribuidora GNC Brasil não conseguiria atender a demanda e fornecer o gás no interior.
"A MT Gás tem que tirar a venda [dos olhos] e enxergar que o motorista de aplicativo é o grande parceiro, é o grande consumidor de gás. O governo fez contrato de três milhões de metros cúbicos de gás/mês, podendo até aumentar esse volume. Só os veículos, no final do ano que vem, podem estar consumindo 2 milhões. O resto fica para a indústria", afirma.
NA BRONCA
Diante de várias cobranças sobre o repentino aumento, o empresário preferiu fixar um cartaz em sua empresa, demonstrando aos clientes sua insatisfação com a MT Gás. Nilson não poupou críticas ao presidente da autarquia, Rafael Reis, afirmando que ele não tem competência e nem conhece o setor.
"Ao longo de oito meses foi alertado para este sufoco que hoje ocorre nos abastecimentos e não tomou nenhuma providência. Cabe ao Estado dar garantias jurídicas para atrair investidores, cabe à MT Gás ter foco que o mais importante é cuidar, intermediar novos pontos de abastecimentos para amenizar as filas desumanas de hoje. Alertados foram há mais de oito meses por nós, mas os ouvidos e olhos estiveram sempre fechados", diz trecho do comunicado.