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Economia Terça-feira, 08 de Julho de 2025, 21:09 - A | A

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Cuiabá lidera ranking nacional de geração de 'empregos verdes', aponta Unicef

Capital de MT está entre as três cidades brasileiras com maior proporção de vínculos formais em atividades sustentáveis

Da Redação

Redação | Estadão Mato Grosso

Cuiabá está no topo do ranking das capitais brasileiras com maior proporção de empregos verdes, ao lado de Florianópolis (SC) e Rio Branco (AC). Cerca de 20% dos vínculos formais de trabalho da capital mato-grossense estão ligados a atividades que promovem, preservam ou restauram ambientes sustentáveis — uma participação que supera em mais que o dobro a média nacional, de 8,7%. Os dados são do relatório “Habilidades e empregos verdes para adolescentes e jovens no Brasil”, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na última semana de junho.

De acordo com o levantamento, o Brasil tem atualmente cerca de 6,8 milhões de empregos verdes. Desse total, Mato Grosso tem 42.514 empregos verdes. A maioria das vagas são ocupadas por jovens: 2 milhões dos empregos verdes são de adolescentes e jovens entre 14 e 29 anos — ou seja, 30% de toda a força de trabalho verde no país é formada por essa faixa etária.

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O estudo também aponta que, apesar da concentração de vagas sustentáveis em grandes centros urbanos — 53% das vagas estão em cidades que concentram 43% dos vínculos —, capitais de porte médio como Cuiabá se sobressaem pela proporção elevada de empregos com viés ecológico em relação ao total do mercado local.

OPORTUNIDADE E INCLUSÃO

Para o Unicef, o avanço de cidades como Cuiabá mostra o potencial dos empregos verdes como vetor de inclusão socioeconômica. O relatório destaca áreas com alto potencial de absorção de jovens trabalhadores, como a agroecologia, a gestão de resíduos, o saneamento, a geração de energias renováveis e as cadeias produtivas florestais.

No caso de Mato Grosso, setores como a produção de etanol de milho, o uso de bioinsumos, o plantio direto e a logística de baixo carbono são as principais engrenagens da economia verde estadual. Mais de 90% da energia consumida no estado vem de fontes renováveis, e Mato Grosso lidera a produção nacional de etanol de milho.

Segundo Linacis Silva Vogel Lisboa, secretária adjunta de Agronegócios, Crédito e Energia da Sedec, a posição de destaque de Cuiabá é reflexo da convergência entre política pública, vocação econômica e responsabilidade ambiental.

“Mato Grosso está conseguindo alinhar crescimento econômico com responsabilidade ambiental. O fato de Cuiabá estar entre as capitais com maior proporção de empregos verdes demonstra que o Estado já está trilhando uma transição concreta para uma economia de baixo carbono”, afirmou.

FORMAÇÃO AINDA É DESAFIO

Apesar dos bons números, o Unicef alerta que a formação técnica voltada para a economia verde ainda é insuficiente e pouco acessível fora dos grandes centros. Para a chefe de Educação do Unicef no Brasil, Mônica Pinto, o país tem uma oportunidade única de conectar educação, juventude e sustentabilidade.

“É preciso educar crianças, adolescentes e jovens para promover e viver uma vida sustentável, e isso inclui a participação na economia verde. Precisamos incluir de forma sistemática a educação ambiental nos currículos e expandir a educação profissional com foco nas habilidades verdes”, defendeu.

Ela lembra que o país ainda convive com altos índices de informalidade, o que exige o reconhecimento de saberes comunitários, como os desenvolvidos por povos indígenas, e o fortalecimento de iniciativas de capacitação informal.

Como parte das ações, o Unicef lançou um curso online gratuito sobre crise climática e economia verde, voltado para jovens interessados em atuar no setor.

O relatório destaca ainda um desequilíbrio de gênero no setor: 60,5% dos empregos verdes são ocupados por homens, contra 39,5% por mulheres. Na faixa etária de 14 a 29 anos, a diferença é um pouco menor, mas ainda significativa.

O desempenho de Cuiabá, nesse contexto, serve como modelo de descentralização e mostra que a transição para uma economia mais sustentável pode gerar oportunidades reais, inclusive para os jovens. Porém, o relatório também deixa evidente que é preciso investir em políticas de formação e inclusão.

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