Os trabalhadores que têm carteira assinada começaram a receber parte do 13º salário e, junto ao tão esperado ‘dinheiro novo’, surge o desejo de comprar presentes para as festividades de final de ano, elaboração de uma ceia farta de Natal, dentre outras compras que podem não ser a prioridade para a maioria das famílias no contexto atual de incertezas econômicas. Apesar de tentadores, esses planos podem levar muitas famílias a postergarem a organização financeira, que poderia lhes tirar do sufoco em médio e longo prazo.
A economista Thaís Sampaio orienta que, diante do atual cenário, as famílias que têm um orçamento mais ‘embolado’ priorizem o pagamento de dívidas à vista, como uma maneira de garantir o começo de ano organizado, com as contas em dia, além de dar um passo em direção a uma vida financeira mais organizada e sem os ‘perrengues’ que surgem no dia-a-dia.
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Thaís recomenda que, antes de tomar qualquer decisão sobre os gastos, as pessoas paguem suas contas fixas: aluguel, energia, telefone e água. Para evitar criar um novo problema, o ideal é que as contas atrasadas sejam renegociadas e pagas em uma só parcela. Assim, o consumidor não corre o risco de pagar a primeira com o 13º e ficar sem recursos para as parcelas seguintes.
Para as famílias maiores, que têm crianças em idade escolar, a situação exige ainda mais planejamento. Dezembro é o mês em que começa o período de rematrículas, compra de materiais escolares, dentre outras despesas, que requerem planejamento para não ocorrer um ‘estrangulamento’ financeiro já no início do ano.
“As pessoas precisam criar o hábito de colocar tudo em dia primeiro, reorganizar o orçamento e começar a pensar a longo prazo. Não pode esquecer que em janeiro e fevereiro começa tudo de novo: pagamento de impostos, escolas, matriculas”, explica.
Mesmo após colocar todas as contas em dia, ainda não é a hora de sair por aí ‘gastando’ o restante do dinheiro. Neste momento é importante aprender mais um hábito: poupar e investir. Thaís ressalta que é importante garantir um ‘fundo de emergência’, ao qual as famílias podem recorrer caso surjam imprevistos ao longo do ano.
“Depois que você está com tudo em dia e mesmo assim sobrou um saldo em conta, você pode fazer a compra de um presente, de alguma coisa, mas não esqueça de não gastar todo dinheiro. Você precisa ir para uma etapa de aprender a planejar e se organizar financeiramente. O primeiro passo é aprender a trabalhar com investimentos”, afirma.
Para evitar a tentação de gastar mais do que pode, Thais recomenda que o consumidor leve somente o dinheiro destinado ao presente ou outro bem que deseja comprar. Assim, o recurso que será usado para formar uma poupança para eventual emergência estará garantido em uma conta separada. O ideal, sugere ela, é procurar o gerente do banco para escolher um investimento viável para cada perfil.
Para as famílias com orçamento mais bagunçado, o ideal é que todos os integrantes entrem em consenso, estabelecendo o que será prioridade para o próximo ano. É preciso que todos comecem a criar novos hábitos financeiros, mais saudáveis. Os filhos também precisam ser incluídos nessa discussão sobre o orçamento doméstico.
“Isso era para ser um habito e, infelizmente, ainda não é. O primeiro passo é colocar no papel, organizar tudo e saber qual é o gasto mensal para pagar todas as contas e manter tudo em dia. Se você não está conseguindo colocar, no mínimo, as contas em dia, algo está errado”, destaca.
Analisando o cenário econômico atual, Thaís alerta que o momento inspira mais cautela na hora de firmar compromissos a longo prazo.
“Nós estamos com inflação em alta, taxa de juros subindo, estamos com uma crise política e econômica, covid voltando numa quarta onda. Então, cuidado com os gastos, se controle e evite fazer mais dívidas. Cuidado com cartão de crédito, porque tudo está muito incerto para tomar decisões e assumir compromissos de muito tempo. O momento é de apertar o cinto e ter um pouco mais de controle com os gastos”, alerta.