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Cidades Terça-feira, 05 de Outubro de 2021, 08:00 - A | A

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DOENÇA EM DESCOBRIMENTO

Infectologista explica sequelas da covid e alerta sobre uso de medicamento ineficaz

Por se tratar de uma doença nova suas sequelas também são desconhecidas

Brenda Closs

Estagiária | Estadão Mato Grosso

A covid-19, doença que já matou quase 600 mil brasileiros, ainda possui muitos mistérios sobre as maneiras com as quais ela agride o organismo de seus infectados. Por se tratar de uma doença relativamente nova, suas sequelas também ainda não estão todas mapeadas. Em entrevista ao Estadão Mato Grosso, o médico infectologista Luciano Corrêa Ribeiro explicou um pouco sobre o pós-covid de três pessoas infectadas pelo vírus.

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Acervo Pessoal

Cassio Ramalho

 

O designer Cassio Ramalho, de 36 anos, foi infectado em junho de 2020. Ele conta que naquela época estava cumprindo de forma rígida as medidas de biossegurança e, mesmo assim, foi diagnosticado com o vírus. Cássio teve o que o médico chamou de remissão, quando o vírus permanece por mais de 14 dias, tempo padrão mapeado. No caso de Ramalho, o novo coronavírus ficou em seu corpo por quase 30 dias.

Além disso, o designer acredita ter ficado com sequelas da Sars-Cov-2. Com muita fadiga, cansaço e perda de memória recente, chegando a pedir desligamento da empresa em que trabalhava, pois sua produtividade foi afetada.

“Até hoje eu sinto que não tenho a mesma memória, esqueço as coisas a curto prazo e isso me afetou no trabalho. Não conseguia me concentrar em nada. A fadiga era tão intensa que eu não tinha forças para nada, era um tormento isso para mim”, desabafa.

Acervo Pessoal

Sargento Emerson

 

Outro que sofre com a perda de memória recente é o sargento da Polícia Militar de Campo Verde, Emerson Santos. Além disso, ele também passou a apresentar sudorese, que é a quantidade excessiva de suor. À reportagem, Santos também conta que passou a ter dores de cabeça com bebidas alcoólicas e que agora apresenta diarréia ao comer alguns alimentos, entre eles, com muito alho.

O infectologista afirma que o cansaço e a fadiga são sintomas presentes no pós-covid. “Cansaço, fadiga, é o que temos observado de maneira mais contundente no nosso serviço”, e ressalta que ela é uma doença generalizada que atinge vários órgãos.

Foi o que ocorreu com Jonathan Faller, que teve alterações no fígado após a covid. Ele tomou de forma prescrita Azitromicina e Hidroxicloroquina. Apesar disso, ele não acredita que os medicamentos sejam os responsáveis por essa alteração. Atualmente ele acredita que tomar todos os medicamentos foi um exagero.

Acervo Pessoal

Jonathan

 

“Na minha opinião, o uso dos medicamentos foi exagero, pois meus sintomas eram leves. Eu acho que não precisava de tudo aquilo lá, eu tomei outro corticoide também. Enfim, foi muita medicação ao mesmo tempo, no desespero. Foi no auge quando estava morrendo muita gente”, explica.

O infectologista faz um alerta para o uso desses medicamentos, o famigerado tratamento precoce. “Já está caracterizado de uma maneira muito forte do ponto de vista científico que esses medicamentos não têm evidência para o tratamento da covid. E o que tivemos com relação a ele foram efeitos colaterais”, esclarece.

Além disso, esse tratamento precoce faz com que pacientes desenvolvam toxicidade medicamentosa, onde os principais órgãos afetados são o fígado, levando ao quadro de hepatite medicamentosa, e o intestino, que leva ao quadro de diarréia.

Acervo Pessoal

Dr. Luciano Correa

 

“Por isso é importante que após o fim do contágio, o paciente continue fazendo um acompanhamento preventivo, [seja com um médico ou fisioterapeuta], para que se observe qualquer alteração no organismo”, explicou Luciano. 

No acompanhamento do pós-covid, o fisioterapeuta é um dos profissionais mais importantes e qualificados para atuar na recuperação pulmonar dos pacientes. O fisioterapeuta intensivista Luiz Rodolfo explica que no começo não foi fácil atuar dentro dos hospitais e principalmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por ser uma doença desconhecida. 

Arquivo pessoal

Fisio

 

"A pandemia veio mostrar o tamanho da importância que nossa profissão tem. Acabamos tendo medo e insegurança, mas isso aos poucos foi sendo superado e hoje já temos um pouquinho de ideia de como tratar e o que esperar dos pacientes infectados com o vírus. Um paciente com covid que precisa de UTI muitas vezes fica com alguma sequela devido à internação e a fisioterapia segue o acompanhamento deste [paciente] por meses, às vezes até restabelecer sua saúde e funcionalidade o máximo possível", esclareceu.

É importante ressaltar que o número de mortes e casos confirmados de covid no país vem diminuindo conforme o número de vacinados aumenta. No momento, cerca de 44% da população brasileira está imunizada com as duas doses ou dose única da vacina. Ainda assim, é necessário seguir as medidas de biossegurança para se proteger usando máscaras e álcool em gel, bem como seguir as orientações de se fazer um acompanhamento preventivo caso tenha sido infectado com a doença.

*Estagiária sob a supervisão do editor Tarley Carvalho

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