Segundo informações da revista Veja, o presidente Jair Bolsonaro, recentemente derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva, estaria com várias feridas na pele em função de um quadro de erisipela, infecção bacteriana da pele que, se não tratada, pode atingir o sistema linfático. Mas o que exatamente é erisipela, quais são as causas, transmissão, sintomas e tratamento da doença? E como é feito o diagnóstico? No caso de atletas, ela interfere de que forma em treinos e competições? Pode-se treinar com a doença?
O médico Misael do Nascimento, que atua na área de dermatologia e clínica geral, ajuda a responder a essas perguntas abaixo.
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O que é, causas e diagnóstico
Erisipela é um processo infecioso da pele causado por bactérias, especialmente, mas não exclusivamente, o Streptococcus pyogenes, mas também Staphylococcus aureus e outros. Ela atinge ainda os tecidos superficiais da pele (derme e epiderme) e, se não tratada, pode chegar aos vasos linfáticos. É mais comum nas pernas, mas também pode atingir outras partes do corpo.
A erisipela acontece normalmente quando há feridas ou cortes na pele, que facilitam a entrada das bactérias. E a chance de instalação da doença normalmente é aumentada quando há fatores de risco.
O diagnóstico é clínico, mas podem ser necessários exames de sangue para descartar complicações. Pode ser confundida com celulite, fascite necrosante e com trombose venosa profunda. Mas, diferente dessas, apresenta uma porta de entrada para a bactéria (ferida, corte, micose) e bordas delimitadas.
- Por isso é tão importante uma avaliação clínica criteriosa - comenta Misael, que confirma a prevalência da doença nas pernas: - 80% dos casos são nos membros inferiores. E embora seja causada por bactéria, não pode ser considerada uma doença contagiosa. É uma infecção secundária que ocorre a partir de feridas, sempre.
Facilitadores (portas de entrada):
Feridas na pele;
Cortes na pele, inclusive os cirúrgicos;
Picadas de insetos;
Frieiras e outras micoses de pele e unha.
Fatores de risco:
Histórico da doença (ter tido erisipela antes aumenta o risco de recorrências);
Obesidade;
Problemas circulatórios, especialmente nas veias de membros inferiores. Entre eles, varizes;
Diabetes;
Alcoolismo crônico;
Doenças imunossupressoras;
Uso de medicamentos imunossupressores;
Doenças de fígado ou dos rins;
Uso de drogas injetáveis.
Gravidez.
Sintomas
Sistêmicos:
Febre
Calafrios
Fraqueza
Dor de cabeça
Mal-estar
Náuseas e vômitos
Na pele:
Vermelhidão
Bolhas
Dor
Inchaço
Coceira
Feridas
Complicações:
Úlceras
Trombose de veias
Linfedema (aumento dos gânglios linfáticos)
Tratamento
Dura de duas a três semanas;
É feito com antibióticos orais ou intravenosos;
Em caso de bolhas e feridas, deve haver ainda a higienização e curativos nos locais;
Repouso e elevação das pernas ajudam na redução do inchaço e de sintomas dolorosos.
Prática de esportes
O tratamento da erisipela exige um certo repouso. Por isso, não são recomendados exercícios físicos e atividades esportivas durante esse período. Além disso, sempre é bom evitar atividades físicas no curso de doenças virais ou infecciosas.
- A pessoa deve parar os treinos. Primeiro, porque dói, a perna fica pesada, atrapalha mesmo. Depois, porque precisa guardar repouso e evitar novas infecções que piorem o quadro - recomenda Misael.