Um dos médicos da Prevent Senior que teria denunciado as irregularidades na empresa registrou um Boletim de Ocorrência em que relata ter sofrido ameaças do diretor-executivo da operadora de saúde, Pedro Benedito Batista Júnior, que será ouvido pela CPI da Covid nesta quarta-feira (22).
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O profissional registrou a ocorrência no final de junho, no 5º DP da Aclimação, na Zona Sul da cidade.
O médico contou que, após ter conversado com a reportagem da TV Globo sobre a empresa, recebeu uma ligação de Pedro Benedito. À polícia, o médico contou que Pedro disse que ele estaria "expondo sua filha e sua família".
Ele teria dito ao diretor que sua filha tem apenas sete anos e nenhuma relação com a Prevent, e que não estaria compreendendo a relação de uma coisa com a outra.
Na ligação, perguntado se era uma ameaça, Pedro respondeu que "não é ameaça, é um conselho", diz o documento policial.
O diretor da Prevent também questionou o que o médico "ganharia" em levar as denúncias adiante. Ele respondeu que quem ganharia é a sociedade.
"É uma coisa que está sendo vendida e a gente sabe que não funciona", disse o médico, fazendo referência ao chamado tratamento precoce.
Pedro Benedito disse ainda que iria divulgar todo o histórico do profissional, como os pacientes tratados por ele que evoluíram com gravidade.
O boletim de ocorrência diz também que a esposa do médico ouviu toda a ligação e "ficou aterrorizada com as ameaças, e queria deixar a cidade temendo por sua vida e pela de sua filha".
O que diz a operadora
Em nota, a operadora negou as ameaças e disse que o médico "foi alertado que, após invadir e divulgar o prontuário de um paciente, seria levado à investigação pelo Conselho Regional de Medicina, o que, de fato, aconteceu, por infração à ética e à legislação."
No texto, a Prevent ainda alega que Pedro e o profissional eram amigos e sócios. "Por isso, Pedro alertou que a conduta ilegal exporia ele a um risco de punição no CRM."
Diretor da Prevent na CPI da Covid
A CPI da Covid ouve nesta quarta Pedro Benedito. O depoimento dele estava previsto para a última quinta-feira (16), mas Benedito não compareceu.
Na semana passada, o diretor-executivo da Prevent Senior obteve no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de não responder a perguntas dos senadores que possam incriminá-lo.
A CPI da Covid investiga se o plano de saúde Prevent Senior ocultou mortes de pacientes em estudo realizado para testar hidroxicloroquina, associada à azitromicina, para o tratamento da Covid-19.
A Comissão recebeu um dossiê com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent. O documento informa que a disseminação da cloroquina e outras medicações ineficazes contra a Covid-19 foi resultado de um acordo entre o governo Jair Bolsonaro e a Prevent.
A reportagem da Globonews teve acesso à planilha com os nomes e as informações de saúde de todos os participantes do estudo. Nove deles morreram durante a pesquisa, mas os autores só mencionaram duas mortes.
O estudo foi divulgado e enaltecido por Bolsonaro, como exemplo de sucesso do uso da hidroxicloroquina. Ele postou resultados do estudo e não mencionou as mortes de pacientes que tomaram o medicamento.