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Brasil Domingo, 10 de Agosto de 2025, 10:50 - A | A

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GUERRA DE PODER

Decisão de Trump ameaça vacinas contra câncer, HIV e pode atrasar avanços para futuras pandemias

Corte no financiamento à tecnologia mRNA é visto por especialistas como retrocesso científico com impacto global. Governo quer priorizar vacinas de vírus inativado, consideradas menos eficazes e mais limitadas para grupos vulneráveis.

G1

A decisão do governo dos Estados Unidos de encerrar o financiamento a vacinas de RNA mensageiro (mRNA) gerou forte reação da comunidade científica e preocupa pesquisadores de diversas áreas, da infectologia à oncologia. O corte foi anunciado pela gestão de Donald Trump como parte de uma mudança de foco para “plataformas mais seguras”, como as vacinas de vírus inativado, tecnologia mais antiga e considerada ultrapassada por muitos especialistas.

A medida pode atrasar ou interromper dezenas de pesquisas promissoras contra doenças como câncer, HIV, Zika e o vírus sincicial respiratório, além de representar um golpe à preparação global para novas pandemias.

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“É um retrocesso. As vacinas de vírus inativado não podem ser aplicadas em pessoas imunodeprimidas, idosos ou gestantes, justamente os grupos mais vulneráveis”, explica Jean Gorinchteyn, infectologista e secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP).

As vacinas de vírus inativado são produzidas a partir do vírus real, que é cultivado em laboratório e posteriormente “morto” por processos químicos ou físicos. Esse método, usado em imunizantes como o da febre amarela e da poliomielite, tem a vantagem de ser mais barato e fácil de armazenar. No entanto, gera uma resposta imunológica mais fraca e exige doses de reforço frequentes.

Já as vacinas de RNA mensageiro representam um salto tecnológico. Elas não contêm o vírus, mas sim uma sequência de RNA com instruções para que o organismo produza uma proteína semelhante à do patógeno, ativando o sistema imunológico.“É como entregar ao corpo um bilhete com a receita de como combater o inimigo, sem expor a pessoa ao risco de infecção”, explica a infectologista Luana Araújo.Além de mais eficazes, as vacinas mRNA são consideradas mais seguras, especialmente para pacientes vulneráveis. E oferecem outra vantagem: a possibilidade de personalização, o que abre caminho para aplicações além das doenças infecciosas, como o câncer.Vacinas de mRNA foram decisivas no controle da covid-19

Durante a pandemia de covid-19, as vacinas de mRNA, como as desenvolvidas pelas farmacêuticas Pfizer e Moderna, permitiram uma resposta rápida e eficaz à emergência sanitária. Elas foram produzidas em tempo recorde, tiveram alto índice de eficácia e ajudaram a reduzir hospitalizações e mortes em todo o mundo.

Mesmo com esse histórico, o governo Trump insiste em alegações sobre a segurança dos imunizantes, o que, para especialistas, reflete uma agenda política alinhada ao movimento antivacina e não baseada em evidências científicas.

 

 

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