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Saúde e Ciência Quinta-feira, 29 de Maio de 2025, 07:49 - A | A

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ALERTA MÉDICO

Frente fria e surtos virais: os perigos invisíveis para a saúde dos pequenos

Especialista destaca a importância da vacinação e dos cuidados em casa durante o período mais frio

Maiara Max

Repórter | Estadão Mato Grosso

Com a chegada das temperaturas mais frias, os pronto-atendimentos pediátricos ficam cheios de crianças com febre, tosse, coriza e chiado no peito. A explicação está na combinação entre a sazonalidade dos vírus respiratórios e o aumento do confinamento em ambientes fechados. Em entrevista exclusiva ao Estadão Mato Grosso, o médico Arlan de Azevedo Ferreira, pneumologista pediátrico e professor de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com 43 anos de experiência na área, explica os principais fatores por trás do aumento desses casos.

Segundo ele, nesta época do ano é crucial estar atento à evolução de gripes e resfriados, especialmente em crianças pequenas, adultos e idosos. “Temos uma sazonalidade mais evidente no Sul e Sudeste, mas também chega ao Centro-Oeste. Os vírus respiratórios começam a circular com mais força, como o influenza A e B e o vírus sincicial respiratório (VSR), ambos com vacinas disponíveis”, afirma.

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Vírus diferentes, sintomas semelhantes

Os sintomas causados pelo vírus da influenza, por exemplo, incluem febre alta (acima de 38,5ºC), tosse, nariz escorrendo e bronquiolite, que pode causar chiado e sibilância nos pulmões. “O que temos observado atualmente é que a febre provocada pela influenza costuma ser mais alta e prolongada do que a de outros vírus respiratórios”, destaca o especialista.

O vírus sincicial respiratório (VSR) preocupa especialmente por seu impacto em bebês com menos de 6 meses, podendo causar falta de ar intensa e internações hospitalares.

Outro ponto de alerta é a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), quando a infecção viral evolui para um quadro de insuficiência respiratória. “Ela pode ser causada pelo coronavírus, pelo influenza e pelo VSR. Até fevereiro deste ano, a SRAG em crianças era mais frequente por Covid-19 do que pelos outros vírus”, alerta o médico.

Diante desse cenário, a vacinação é a principal aliada para proteger os pequenos. “É essencial vacinar contra a influenza, contra a Covid-19 a partir dos 6 meses, e agora temos também a vacina contra o VSR disponível para gestantes. A mãe vacinada produz anticorpos que são transferidos para o bebê pela placenta e depois pelo leite materno”, explica o médico.

Mudança de tempo favorece infecções

A variação de temperatura em si não causa doenças, mas facilita a transmissão dos vírus. “Com o frio, as pessoas tendem a se aglomerar em ambientes fechados, o que favorece o contágio. Além disso, crianças com tendência alérgica sofrem mais nesse período, pois o clima frio favorece a proliferação de ácaros e outros alérgenos”, acrescenta.

Essa combinação de fatores — clima, aglomeração e imunidade comprometida — cria o cenário ideal para o aumento dos casos.

Cuidados em casa fazem diferença

Entre as orientações do médico, estão medidas simples e eficazes:

Evitar aglomerações desnecessárias, especialmente com bebês;
Se alguém em casa estiver gripado, usar máscara para reduzir a transmissão;
Manter as vias respiratórias da criança desobstruídas com lavagem nasal;
Usar broncodilatadores receitados, se a criança tiver diagnóstico de asma ou bronquite;
Manter a criança bem hidratada e observar os sinais de alerta.

Quando procurar atendimento médico?

“O sinal de alerta vem quando a febre passa dos três dias ou é muito alta, e principalmente quando a criança apresenta dificuldade para respirar, com batimento de asa do nariz, gemência, retração das costelas e respiração acelerada. Esses são sinais que precisam de avaliação imediata em uma unidade de saúde”, orienta.

Estadão Mato Grosso

Dr Arlan de Azevedo Ferreira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gripe nem sempre é motivo de pânico

A recomendação é observar antes de correr para o pronto-socorro. “Se for só nariz escorrendo e febre baixa, dá pra esperar um ou dois dias. Muitas vezes é uma virose leve, que pode ser tratada em casa com hidratação e repouso. A ida precoce a unidades de saúde pode até aumentar o risco de contágio”, explica Arlan.

Mitos e verdades sobre o frio

Apesar de muitos pais ainda evitarem que os filhos tomem banho à noite ou durmam com o cabelo molhado, o médico afirma que não há comprovação científica de que isso cause doenças. No entanto, crianças com rinite ou asma podem ter sintomas agravados pelo frio, ar-condicionado sujo ou ambientes mal ventilados.

“Esses cuidados ajudam a evitar crises alérgicas. E um organismo fragilizado por alergia pode ficar mais suscetível às infecções virais”, conclui.

Com a previsão de dias mais frios nos próximos meses, a atenção à saúde respiratória das crianças precisa ser redobrada. Vacinar, observar os sintomas e adotar cuidados simples em casa são atitudes que fazem toda a diferença na prevenção de complicações.

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