O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta segunda-feira (20) que "a pressa é inimiga da perfeição" em relação à vacinação de crianças.
"O principal é a segurança. No ano de 2021, considerando o pico, onde houve 4000 óbitos, crianças de 5 a 11 anos, menos de 150 óbitos. Não que eu esteja menosprezando, cada vida é importante", afirmou o ministro à imprensa, em Brasília. "Os pais terão a resposta no momento certo, sem açodamento", continuou o ministro.
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Na última quinta (16), porém, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) afirmou que nenhuma outra doença matou tantas crianças e adolescentes no Brasil em 2021 quanto a Covid-19.
Segundo o infectologista Renato Kfouri, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações e que participou da avaliação da Pfizer junto à Anvisa, a Covid matou mais crianças do que coqueluche, diarreia, sarampo, gripe e meningite somadas. "A gente fala que só 0,4% das mortes ocorrem nos menores de 20 anos, mas 0,4% de 600 mil mortes são mais de 2.500 crianças e adolescentes que perderam a vida para a Covid", declarou.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na semana passada uma versão da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. O governo Bolsonaro, porém, ainda não disse quando os imunizantes vão começar a ser aplicados.
O Ministério da Saúde diz que só vai ter uma posição em 5 de janeiro, após fazer uma consulta pública e consultar a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19. Essa câmara, porém, já tem consenso a favor da vacinação infantil.
Nesta segunda, Queiroga disse que ficou sabendo desse posicionamento pela imprensa e, com o documento em mãos, disse que não ia se manifestar "com base num documento público de três páginas".
"Não é um comunicado público que vai fazer o Ministério da Saúde se posicionar de uma maneira ou de outra. Eu preciso de toda a análise. A Análise da qualidade, da evidência científica apresentada, avaliação da amostra de pacientes naquele ensaio clínico. Nós temos que verificar tudo."
Bolsonaro intimidou servidores da Anvisa após aprovação
Horas após a Anvisa autorizar a vacinação contra a Covid para crianças de 5 a 11 anos, o presidente Jair Bolsonaro usou uma transmissão ao vivo para intimidar os servidores da Anvisa e convocar apoiadores a questionarem a decisão da agência.
No domingo (19), a agência acionou órgãos de investigação e do governo federal para pedir apuração sobre novas ameaças de violência contra diretores da entidade.
Os ofícios foram enviados ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao Ministério da Justiça, à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Polícia Federal e à superintendência da PF no Distrito Federal.