A presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, vereadora Paula Calil (PL), “garantiu” que o prefeito Abilio Brunini (PL) não interferiu na formação das comissões permanentes da Casa. Desde o resultado das eleições, no ano passado, Abilio tem sido acusado por opositores de interferir nos processos internos do Poder Legislativo. Paula conversou com jornalistas na manhã desta quinta-feira, 9 de janeiro.
“Na terça-feira, naquela sessão extraordinária [7 de janeiro], nós pedimos indicação dos líderes partidários, sobre quem eles iam indicar para concorrer às comissões. Então, é tudo muito democrático. A gente conversa muito e não tem esse tipo de coisa: o prefeito Abilio não interferiu na eleição das comissões e eu quero deixar isso muito bem claro”, afirmou a presidente.
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Um encontro realizado na casa do vereador Ilde Taques (PSB) contou com a presença de Brunini, o que reforçou ainda mais os boatos de que o prefeito estaria participando ativamente das conversas sobre as comissões da Casa. Porém, segundo Paula, o encontro foi realizado para celebrar a vitória da Mesa Diretora.
“Na casa do vereador Ilde Taques tivemos uma confraternização. Eles devem ter comentado alguma coisa lá, todo mundo conversa... mas ele estava lá como esposo da vereadora Samantha [Iris], assim como o deputado Carlos Avallone estava como esposo da vereadora Maria Avallone”, argumentou Calil.
Abilio já vinha sendo atacado pelos opositores por interferir na eleição da Mesa Diretora. Isso porque, tão logo o debate começou, o prefeito – que ainda não havia assumido o cargo – lançou Paula como sua candidata, defendendo que a Casa Legislativa fosse comandada apenas por mulheres neste momento, dado o momento histórico na qual a capital elegeu oito vereadoras.
O então presidente Chico 2000, que pretendia disputar a reeleição, se sentiu traído, já que é do mesmo partido de Abilio e sequer foi procurado por ele para debater o assunto. O liberal abriu caminho para que o vereador Jeferson Siqueira (PSD) assumisse a frente e disputasse a presidência da Mesa.
Taxado como “boi de piranha” de Chico, o pessedista partiu para cima e passou a trocar desentendimentos com o prefeito e seu grupo. Porém, já aos 45 do segundo tempo, Siqueira alegou perseguição por parte do prefeito e anunciou a desistência, devolvendo o caminho para o então presidente.
Chico 2000 então voltou a articular sua reeleição abertamente entre os demais parlamentares e, numa tentativa de “xeque mate” pra cima de Paula, articulou a alteração no Regimento Interno da Casa para que a eleição da Mesa fosse realizada com voto secreto.
Publicamente, 2000 alegou que a alteração visava apenas a regulamentação de uma norma não definida pelo ordenamento da Câmara. Nos corredores políticos, porém, a manobra foi vista como uma tentativa desesperada de conceder aos colegas da nova legislatura a oportunidade de trair Paula sem correr o risco de serem descobertos e sofrerem retaliação do prefeito.
Isso porque as fofocas de bastidores apontavam para o descontentamento dos próprios apoiadores de Abilio, que não viam com bons olhos o envolvimento do prefeito de forma tão transparente. Afinal, esse tipo de interferência sempre é praticado pelos chefes do Executivo, independente da esfera – municipal, estadual ou federal –, mas sempre na encolha.
Além disso, os parlamentares também não estavam engolindo a Casa ser comandada por uma pessoa novata e nem aceitando a formação de uma Mesa totalmente feminina.
Os planos, porém, caíram por terra poucos dias antes da posse. No dia 27 de dezembro, a Justiça derrubou o voto secreto na Câmara. Três dias depois, Paula Calil reuniu seus apoiadores e publicou uma foto, mostrando todos os votos que teria. Isso foi suficiente para Chico jogar a toalha e recuar da disputa.
No dia 1º de janeiro, 2000 tomou posse como vereador da nova legislatura, mas se recusou a participar da eleição da Mesa, deixando o local antes da realização do pleito. Vereadores que apoiavam a recondução do então chefe se abstiveram de votar.