A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de impor tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) veio na esteira de uma escalada de episódios envolvendo sua família, aliados internacionais e manifestações públicas que, segundo o magistrado, configuram tentativa de obstrução de Justiça e afronta à soberania nacional.
O gatilho inicial foi a ida de Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos, em março, o que abriu espaço para uma série de articulações políticas com a extrema direita americana, declarações de Donald Trump, envio de dinheiro por Jair Bolsonaro e, por fim, a reação do STF com abertura de inquérito e imposição de medidas restritivas.
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Veja abaixo os principais eventos que levaram à nova medida contra Bolsonaro:
???? 18 de março – Eduardo Bolsonaro vai morar nos EUA
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou que tiraria uma licença do mandato para morar temporariamente nos Estados Unidos com a família. A justificativa foi de "projetos pessoais", mas o movimento chamou atenção do Judiciário e de investigadores.
???? 20 de março – Republicanos pressionam Trump contra Moraes
Dois dias depois, parlamentares republicanos enviaram uma carta ao presidente Donald Trump pedindo que os EUA aplicassem sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, com base na chamada Lei Magnitsky, legislação que permite punir estrangeiros por supostas violações de direitos humanos.
???? 6 de maio – Encontro com conselheiro do Departamento de Estado
Já em maio, Jair Bolsonaro se reuniu em Brasília com um conselheiro do Departamento de Estado dos EUA. A visita foi interpretada por Moraes como parte de um esforço coordenado para pressionar o Judiciário brasileiro com apoio internacional.
???? 21 de maio – Trumpista ameaça Moraes
Mike Pompeo, ex-secretário de Estado dos EUA e aliado de Donald Trump, afirmou que havia "grande possibilidade" de Moraes ser alvo de sanções americanas. A declaração aumentou a tensão entre Brasil e EUA. ???? 26 de maio – STF investiga Eduardo por coação
A Corte abriu um inquérito para investigar Eduardo Bolsonaro por suspeita de coação no curso do processo e tentativa de obstrução de Justiça. O ministro Moraes entendeu que havia uma estratégia coordenada para atacar o STF e influenciar investigações.
???? 5 de junho – Bolsonaro admite envio de R$ 2 milhões a Eduardo
Jair Bolsonaro afirmou publicamente que enviou cerca de R$ 2 milhões ao filho para que ele não passasse "necessidade" nos Estados Unidos. O montante levantou suspeitas de movimentações financeiras não declaradas e ampliou o cerco judicial.
???? 7 e 8 de julho – Trump entra em cena
Donald Trump, presidente dos EUA, publicou mensagens em defesa de Bolsonaro nas redes sociais, chamando as investigações de "caça às bruxas" e pedindo para que deixassem o ex-presidente brasileiro "em paz".
???? 9 de julho – Nota da embaixada dos EUA e anúncio de tarifas
No mesmo dia em que a Embaixada e os Consulados dos EUA divulgaram nota em defesa da família Bolsonaro, Trump anunciou uma tarifa de 50% contra produtos brasileiros. As duas ações foram vistas por Moraes como tentativas de pressionar o Estado brasileiro.
???? 16 e 17 de julho – Trump eleva o tom Trump disse que as sanções contra o Brasil foram motivadas pela forma como Bolsonaro está sendo tratado. No dia seguinte, publicou uma carta ao ex-presidente brasileiro pedindo o fim imediato do processo judicial no Brasil.
???? 17 de julho – Moraes reage: 'ousadia criminosa não tem limites'
Na decisão que determinou o uso de tornozeleira eletrônica, Moraes afirmou que Jair Bolsonaro condicionou o fim das tarifas dos EUA à sua anistia judicial, o que caracterizaria tentativa de extorsão contra o Judiciário brasileiro.