O advogado Nelson Wilians, fundador do maior escritório empresarial da América Latina, foi o primeiro da profissão a estampar a capa da Forbes Brasil. Com patrimônio estimado em R$ 1,7 bilhão, ele defende a taxação dos super-ricos — desde que essa seja, de fato, a solução para o desequilíbrio nas contas públicas. “Eu acho que a questão da taxação do super rico, ela deve sim ser levada em consideração”, afirmou em entrevista nesta terça-feira, 22 de julho.
Wilians considera, no entanto, que o discurso de arrecadação precisa vir acompanhado de medidas de contenção de gastos públicos. “Nós vivemos uma época de um desequilíbrio, né? Só se fala em arrecadar e arrecadar, não ouvimos falar em corte de despesas. Vai arrecadar? Vai colocar taxação dos super ricos? Vai resolver? Se for isso que for resolver, eu concordo. Só que a realidade mostra que não é”.
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Para ele, a taxação dos bilionários deve ser tratada como último recurso. “Nós precisamos também, juntamente com arrecadar, se for taxar o super rico, também fazer um projeto de corte de despesas, né? Nós estamos caminhando aí para o limite. Agora o último limite seria taxar os super-ricos. Só isso? Vai resolver? Acredito que não”.
Wilians foi questionado se o governo Lula tem agido como um “leão faminto” na busca por mais impostos. Ele respondeu: “Não apenas o Governo Federal, né? O presidente da Federação de maneira geral fala só em arrecadar. Nós temos visto poucos movimentos na questão de corte de despesas, de questões administrativas que nós temos visto aí que tem funcionado como um ralo.”
O advogado também comentou o papel do Supremo Tribunal Federal (STF), diante de decisões que têm gerado críticas por parte da população, como as relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Eu acredito que nós estamos vendo um momento atípico, né? Aí se tem exagerado ou não, eu acredito que está a olhos nus aí, mas nós temos remédios, né? A nossa Constituição Federal é uma ótima Constituição. Nós devemos preservar o Estado Democrático de Direito e o Estado Democrático de Direito é o império das leis. As leis são para todos. São para nós, advogados, povo, para os entes da Federação e também para as autoridades. Nós esperamos que o Supremo mantenha a linha a seguir na nossa Constituição Federal como todos os outros entes.”
Apesar da visibilidade recente, o nome de Nelson Wilians também foi citado em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviados à Polícia Federal. Os documentos, segundo o site Metrópoles, apontam que o escritório dele movimentou R$ 4,3 bilhões em operações classificadas como suspeitas entre 2019 e 2024. Parte dos valores teria sido repassada ao empresário Maurício Camisotti, alvo da Operação Sem Desconto, que apura fraudes envolvendo aposentados do INSS.
Em nota, o Nelson Wilians Advogados afirmou que não é alvo de investigação, que não foi notificado por nenhuma autoridade e que todas as transações são legítimas e compatíveis com sua estrutura. Sobre Camisotti, o escritório esclareceu que a relação se limita à prestação de serviços jurídicos e à compra de um imóvel, sem ligação com fraudes ou com a atividade profissional do escritório.
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