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Polícia Domingo, 10 de Outubro de 2021, 10:41 - A | A

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SEM NOÇÃO

Taxista diz que cliente tem ‘cara de quem dá o c* que chora’ e é denunciado por homofobia

Jefferson Oliveira

Repórter | Estadão Mato Grosso

Um crime de homofobia foi registrado na última sexta-feira (08) por um empresário do ramo de eventos, contra um taxista que presta serviço na Rádio Táxi Cuiabana em Cuiabá.

De acordo com a vítima, identificada como Marcio Cesar Jorge, conhecido pelo apelido de Cesar Dawol, ele e marido estavam em um evento no Hotel Fazenda Mato Grosso na noite de quarta-feira (06), quando decidiram pedir um táxi para irem embora, por volta da 23h.

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Ao ligar na rádio táxi mencionada, a atendente informou que o taxista chegaria dentro de poucos minutos no local, o que não aconteceu. Cesar estava com o companheiro em um local escuro e ficou aflito ao ver a bateria de seu celular perdendo carga, o que poderia piorar ainda mais a situação do casal, sem um telefone para pedir ajuda.

O tempo passou e o taxista indicado não chegou. Cesar e o companheiro embarcaram em outro táxi, temendo não ter como voltar para casa. Ao fazer uma vistoria no celular já na sexta-feira, eis que Cesar se depara com comentários classificados por ele como esdrúxulos, homofóbicos e sem educação. O autor da mensagem, o mesmo taxista que demorou a chegar no local indicado.

“Pela cara você deve ser uma bixona daquelas, que dá c*** que chora. Quando você ligar na rádio táxi e que você pedir um táxi, que você pedir um Uber, sei lá, de que caralho que você foi embora, pelo menos tenha a capacidade de ligar lá e cancelar, para não fazer o cara sair de longe para vim dar pernada, ou então, seja homem para atender o telefone, não já peguei outro carro, já fui já peguei uma carona, dá uma satisfação seu prego”, disse o taxista ao empresário, por meio de um áudio enviado a um aplicativo de troca de mensagens.

O empresário ficou consternado com a mensagem do prestador de serviço, mesmo assim, ligou para o taxista e explicou que não atendeu o telefonema, pois o seu número é cadastrado como conta comercial, e por isso, o aparelho não chamou.

Cesar ainda explicou toda a situação ao taxista dizendo o porquê ter ido embora com outro taxista.

“Me senti super mal, e pensei, esse cara deve fazer isso com todo mundo... Porém, um desencontro ou mesmo outro tipo de situação não gera o direito desse senhor (que não sei o nome) de tratar qualquer pessoa que seja nestes termos de forma grosseira, homofóbica.  Por esse motivo, estou registrando um B.O na Delegacia e solicitando a representação desse sujeito, para que outras pessoas não passem por esse tipo de situação que passei” diz parte da publicação do empresário.

Até o momento, nem o taxista e nem a empresa Rádio Táxi Cuiabana se manifestaram sobre a situação.

Outro lado:

O Estadão Mato Grosso encontra-se à disposição caso o taxista não identificado, ou a empresa Rádio Táxi Cuiabana citada na matéria, queira se manifestar sobre as acusações do empresário.

Crime de homofobia

Em 2019, O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 8 votos a 3, permitir a criminalização da homofobia e da transfobia. Com a decisão, o Brasil se tornou o 43º país a criminalizar a homofobia, segundo o relatório "Homofobia Patrocinada pelo Estado", elaborado pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (Ilga).

Porém, como ainda não se existe uma lei específica contra a homofobia, a base que criminaliza atos homofóbicos é a mesma que criminaliza o racismo.

“Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa”. (lei 7.716/89 – Lei de Racismo).

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