As facções criminosas brasileiras passaram a se estabelecer na Bolívia e isso tem refletido na criminalidade no país vizinho. Por meio de uma carta de intenções, em abril deste ano, o Estado do Acre firmou parceria com o Departamento de Pando, na Bolívia. Agora, se busca ampliar essa aliança contra as organizações criminosas com os Estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
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O secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, participa do I Encontro de Segurança Fronteiriça Brasil/Bolívia, de 20 a 21 de outubro, em Rio Branco (AC). Ele comentou que um dos crimes que mais preocupa são os roubos e furtos de aeronaves e a necessidade do intercâmbio de informações.
“A criminalidade não escolhe lugar, se esconde em Santa Cruz, Beni e Pando [estados bolivianos que eles se referem como Departamentos], e os criminosos têm um contato muito grande, têm vínculos e precisamos nos organizar. Aeronaves são furtadas em vários países, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também, e têm como destino a Bolívia e o Paraguai, para transporte de contrabando e tráfico de drogas. Precisamos do intercâmbio de informações para qualificar as nossas investigações”.
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Bustamante também lembrou que as autoridades de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul trabalharam em conjunto durante as queimadas que atingiram o pantanal brasileiro e boliviano em 2020 e que a parceria na área do meio ambiente foi um sucesso e pode também trazer bons frutos na área da Segurança Pública.
O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública do Acre, coronel Paulo César Rocha dos Santos, comentou que o Brasil não se orgulha de exportar o crime organizado para outros países. “O crime organizado não respeita fronteiras, não respeita soberania e organizar-se de forma diferenciada independente é necessário. Os Estados aqui representados criaram estruturas estaduais de combate aos crimes transfronteiriços. Percebemos que a fronteira é um desafio e insumo da violência”.
O vice-ministro de Segurança Cidadã da Bolívia, Roberto Ríos Sanjinés, disse que as facções brasileiras ainda não se estabeleceram no país como aqui no Brasil, mas há a presença de alguns emissários, mas que é necessário estabelecer ações preventivas para que de maneira conjunta possam lutar para que eles não possam ultrapassar a fronteira.
“Os crimes na fronteira afetam a soberania e os direitos individuais e coletivos. O fluxo dessas pessoas merece atenção especial e, por isso, é necessário trabalhar em conjunto para fortalecer as relações bilaterais e implementar ações conjuntas de intercâmbio de informações, capacitação dos policiais e técnicos envolvidos na temática, para melhorar as condições de fiscalização e combate ao crime”.